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‘O Dançarino do Deserto’ desperdiça uma grande história

Embora os números de dança sejam bem filmados e plasticamente até interessantes em alguns momentos, e a saga de Ghaffarian, bastante tocante, 'O Dançarino do Deserto' é um tanto contraditório. Para contar uma história de resistência e contestação, Richard Raymond não vai além do convencional.

porPaulo Camargo
17 de abril de 2015
em Cinema
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Freida Pinto e Reece Ritchie

Freida Pinto e Reece Ritchie dançam em nome da liberdade de expressão em Dançarino no Deserto. Imagem: Divulgação.

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Há algo de irremediavelmente falso em O Dançarino do Deserto, cinebiografia do bailarino iraniano Afshin Ghaffarian, que chega neste fim de semana aos cinemas brasileiros. Talvez porque o diretor britânico Richard Raymond tenha optado neste seu longa-metragem de estreia não correr riscos, transpondo com o mínimo de ousadia e extrema cautela a incrível e tocante história que tem nas mãos.

Desde a infância, Ghaffarian (Reece Ritchie), nascido em 1986, já sob o regime dos aiatolás, manifestou pendor para a dança. Imitava Michael Jackson diante de seus colegas na escola e fazia do movimento uma forma de expressão libertária, para desespero de pais e professores, que o enxergavam como uma bomba-relógio, um subversivo em potencial, embora ele não tivesse consciência da força política do seu talento.

No Irã, dançar em público é proibido, por desafiar as regras de modéstia e recato pregadas pelo Alcorão. É algo visto como obsceno e imoral, pois teria o poder de despertar desejo, fazendo brotar a sensualidade fora dos limites domésticos.

Acolhido por um velho professor, que se recusa a se submeter aos desmandos do governo, presente em todos os cantos por meio de cidadãos ultrarreligiosos que assumem a função de cães de guarda do regime, Ghaffarian cresce sem abrir mão de sua paixão. Quando chega à universidade, aproxima-se de outros jovens subversivos, envolvidos com música, teatro e literatura, e lhes propõe a ideia de formar um grupo de dança contemporânea clandestino.

No Irã, dançar em público é proibido, por desafiar as regras de modéstia e recato pregadas pelo Alcorão. É algo visto como obsceno e imoral, pois teria o poder de despertar desejo, fazendo brotar a sensualidade fora dos limites domésticos.

A trupe ensaia em lugares escondidos, sempre atentos a possíveis delatores, como se, na verdade, estivesse a planejar um golpe de Estado contra Mahmoud Ahmadinejad, que foi presidente do Irã entre 2005 e 2013. Entre os integrantes, estão militantes antigovernistas, todos aspirantes a artistas, que se divertem em raves clandestinas nos subterrâneos de Teerã. Em uma delas, o protagonista conhece Elaheh (Freida Pinto, de Quem Quer Ser um Milionário?), filha de uma ex-estrela do Balé Nacional do Irã, uma jovem dançarina talentosa, mas atormentada por não viver plenamente a sua arte.

Ainda que essa não seja essa sua ambição primordial, a pequena companhia de dança é, sim, uma célula política. O enfrentamento que propõe, mesmo não sendo uma ameaça ao poder instituído, representa a possibilidade de criar à revelia da ordem estabelecida, provando que ela não tem o poder de abortar a criatividade de uma civilização milenar como a persa.

Como não pode se apresentar em um teatro, ou em qualquer lugar onde possa ser vista pelos olheiros do regime, a trupe resolve ousar, marcando uma apresentação no meio do deserto à qual apenas um punhado de espectadores terão o privilégio de assistir.

Embora os números de dança sejam bem filmados e plasticamente até interessantes em alguns momentos, e a saga de Ghaffarian, bastante tocante, O Dançarino do Deserto é um tanto contraditório. Para contar uma história de resistência e contestação, Richard Raymond conduz a narrativa de forma muito convencional. Filma com atores anglofalantes, quando poderia ter rodado o longa-metragem em persa, idioma original dos personagens, mas isso nem é tão grave. O problema é que ele imprime à trama linearidade e academicismo, que se chocam bastante com a subversão e inconformismo que a história tanto defende.

Ritchie, apesar de muito expressivo nas cenas de dança, deixa um pouco a desejar no papel de Ghaffarian, um personagem complexo, ao mesmo tempo frágil e desafiador. Mas o que compromete o filme é mesmo a sensação de que a produção está distante demais do Irã de verdade, embora tenha o mérito de ser um libelo contra o seu regime opressor e autoritário. Falta-lhe autenticidade. Uma pena.

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Tags: Afshin GhaffarianbannerCinemaCríticaCrítica CinematográficaFilm ReviewFreida PintoMichael JacksonQuem Quer Ser um MilionárioReece RitchieResenhaRichard Raymond

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