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Documentário traz Elis e Tom de volta à vida sem inteligência artificial

O emocionante 'Elis & Tom: Só Tinha de Ser com Você' resgata material filmado em 1974 durante o processo de gravação do álbum 'Elis & Tom', clássico incontornável da música popular brasileira. É um dos melhores filmes de 2023.

porPaulo Camargo
27 de setembro de 2023
em Cinema
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Tom Jobim e Elis Regina

Tom Jobim e Elis Regina: duelo de personalidades e encontro de gênios. Imagem: Divulgação.

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O documentário Elis & Tom: Só Tinha de Ser com Você, dirigido por Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay, é uma experiência estética e emocional muito impactante. O documentário nos coloca epidermicamente próximos de dois gênios da música popular brasileira, a cantora Elis Regina e o compositor Antonio Carlos Jobim, os trazendo de volta à vida, e não por meio de inteligência artificial.

A produção resgata material filmado em 1974 durante o processo de gravação, em Los Angeles, do álbum Elis & Tom, um clássico incontornável. Os registros, captados em película 16mm, foram guardados por 45 anos. O documentário também traz novas imagens e entrevistas, que lhe dão um ritmo envolvente, quase hipnótico, que nos apresentam os dois artistas plenos em seu fascínio e complexidade.

Com roteiro muito bem alinhavado, Elis & Tom: Só Tinha de Ser com Você realiza uma imersão profunda nos eventos que antecederam e ocorreram durante a gravação de um disco, que a cantora gaúcha acreditava ser seu, com Tom Jobim como ilustre convidado, enquanto para o compositor carioca, a perspectiva era diametralmente oposta: na cabeça do maestro, o LP era dele.

Sem evitar questões sensíveis, ou passar panos, o filme explora ressentimentos de longa data entre os dois protagonistas.

Sem evitar questões sensíveis, ou passar panos, o filme explora ressentimentos de longa data entre os dois protagonistas. Tom havia recusado Elis, ainda uma jovem promissora, para um álbum uma década antes, alegando, segundo rumores na imprensa e negados pelo compositor, que a cantora “ainda tinha cheiro de churrasco”. Elis, após atingir o estrelato, por sua vez, menosprezou Tom e o movimento da bossa nova. Falava sem dizer que era um gênero musical para quem não sabia cantar.

A narrativa desvenda em detalhes os conflitos entre Tom, o mestre do universo acústico, e o arranjador Cesar Camargo Mariano, casado com Elis e defensor da eletricidade na música. De forma mágica, o filme também nos revela como esses traumas se dissiparam aos poucos, resultando em um álbum que se transformou um marco da MPB.

‘Elis & Tom: Só Tinha de Ser com Você’: entrevistas

As entrevistas incluem figuras que estiveram próximas de Elis Regina e Tom Jobim naquela época, como o produtor André Midani (falecido em 2019) e o saxofonista americano Wayne Shorter (morto em março de 2023, e com quem Elis planejava gravar um disco). Humberto Gatica, o engenheiro de som chileno com quase duas dúzias de prêmios Grammy (com Michael Jackson, Quincy Jones, Céline Dion), relembra que essa foi sua primeira vez à frente de um álbum e expressa a sensação de ter sido “abençoado por fazer parte daquela gravação histórica”.

Cesar Camargo Mariano, por sua vez, recorda, sem filtros, em depoimentos francos e por vezes cômicos, como Tom Jobim se sentiu desconfortável com o fato de que ele, o todo-poderoso maestro Antonio Carlos Jobim, teve um jovem bem menos experiente cuidando dos arranjos. Jobim queria ele mesmo cuidar disso.

Nelson Motta, jornalista e compositor, frequentemente presente em documentários musicais brasileiros, coassina o roteiro do filme com Roberto Oliveira e contribui para contextualizar as diferenças entre a intensa, e por vezes explosiva, presença de Elis, e o estilo bem mais cool de Tom. É preciso dizer aqui que, em 2023, grita na tela a solidão feminina de Elis. Cercada todo o tempo por homens, que tomam decisões e se digladiam por poder, ela tenta se impor e fazer valer sua arte, seu canto e genialidade criativa. O compositor e produtor Roberto Menescal, em seu jardim de plantas, a compara a um abacaxi selvagem, espinhento, defensivo, porém maravilhoso, enquanto Tom é descrito como uma bromélia raríssima, única.

Esses relatos, habilmente costurados, explicam como o álbum conseguiu alcançar a proeza de deixar uma marca profunda em carreiras que já eram extraordinárias e na história da música mundial. Elis & Tom: Só Tinha de Ser com Você é uma obra de arte emocionante que nos enche de orgulho pela cultura brasileira, mas também nos deixa reflexivos, por vezes incomodados, porque não evita territórios sombrios. É um dos grandes filmes de 2023.

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Tags: Antonio Carlos JobimDocumentárioElis e TomElis e Tom: Só Tinha de Ser com VocêElis ReginaJom Tob AzulayRoberto de OlivieraTom Jobim

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