Lançado em 1981, quando o Brasil ainda vivia em uma ditadura militar e os Estados Unidos eram governados pelo conservador presidente republicano Ronald Reagan, Os Caçadores da Arca Perdida chegou aos cinemas, inaugurando uma das franquias mais bem-sucedidas e populares da História do Cinema.
Criada por George Lucas, o homem por trás da saga Star Wars e dirigida por Steven Spielberg, que já era um dos cineastas mais populares de Hollywood, a produção tornou-se um gigantesco sucesso de bilheteria, rendendo mundialmente em torno de US$ 390 milhões, em valores da época. Consagrado pela crítica, foi indicado a nove Oscar, incluindo os de melhor filme e direção. Venceu os de direção de arte, som, edição, efeitos visuais e ganhou uma estatueta especial por seus inovadores efeitos sonoros.
Eletrizante, Caçadores da Arca Perdida trazia como protagonista Indiana Jones, um arqueólogo aventureiro que viaja pelo mundo em busca de artefatos históricos importantes, enfrentando perigos e desafios ao longo do caminho. O personagem fez de seu ator principal Harrison Ford, já conhecido como o mercenário Han Solo, de Guerra nas Estrelas e O Império Contra-ataca, um astro de envergadura internacional.
A franquia Indiana Jones, reconhecida por sua combinação original de ação emocionante, humor, elementos sobrenaturais e referências a filmes seriados de aventura clássicos aos quais Lucas e Spielberg assistiam no cinema quando meninos, rendeu quatro sequências: O Templo da Perdição (1984), A Última Cruzada (1989), Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008).
Agora, 15 anos mais tarde, estreia nos cinemas o quinto e derradeiro longa-metragem da série, Indiana Jones e o Chamado do Destino, que desta vez não traz mais Steven Spielberg, e, sim, o norte-americano James Mangold, que traz entre seus créditos longas-metragens de sucesso como Logan, o mais inventivo dos filmes protagonizados pelo X-Men Wolverine, e o drama automobilístico Ford vs. Ferrari, que disputou o Oscar de melhor filme.
‘Indiana Jones e o Chamado do Destino’: viagem no tempo
A trama de Indiana Jones e o Chamado do Destino se passa em 1969 a tem como pano de fundo histórico a corrida espacial. Harrison Ford, hoje com quase 81 anos, retoma o papel do arqueólogo e aventureiro. Semi-aposentado e tentando levar uma vida mais tranquila, Jones está preocupado com o fato de o governo dos Estados Unidos ter recrutado ex-nazistas para ajudar a vencer a União Soviética na competição para chegar ao espaço. Há um prólogo, no qual vemos o herói (Ford foi rejuvenscido digitalmente), em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, importante para o desenvolvimento o enredo do filme.
Entra, então, em cena, como uma espécie de chamado para a aventura, sua afilhada, Helena, que é vivida pela atriz e roteirista britânica Phoebe Waller-Bridge, criadora da premiada série Fleabag. A personagem, embora compartilhe com o padrinho a paixão pela arqueologia, é ambiciosa e tem bem menos escrúpulos do que Jones.

O encontro cênico entre Ford e Phoebe, que pertencem, assim como seus personagens, a gerações diferentes, traz bem-vindos frescor e humor ao filme.
Em uma trama que mistura viagens no tempo, e retoma o tema do nazismo, já central em Caçadores da Arca perdida, o filme tem como vilão Jürgen Voller, vivido pelo excelente ator dinamarquês Mads Mikkelsen, de Druk – Mais uma Rodada. O personagem é um ex-nazista envolvido com a Missão Apolo 11, de pouso na Lua. Voller, porém, está mais interessado em usar um aparato arqueológico, o chamado Dial of Destiny, para manipular o tempo, voltar ao passado e dar de volta a Hitler e ao Terceiro Reich a vitória na Segunda Guerra Mundial e, consequentemente, o controle do mundo.
O encontro cênico entre Ford e Phoebe, que pertencem, assim como seus personagens, a gerações diferentes, traz bem-vindos frescor e humor ao filme.
Indiana Jones e o Chamado do Destino não é um grande filme, mas supera Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. Tem boas cenas de ação, algumas eletrizantes, e um roteiro amarrado, ainda que sem o fôlego e a inventividade dos três primeiros longas da franquia. Serve como tributo ao seu protagonista e, sobretudo, a Harrison Ford e, por ter várias citações aos episódios anteriores, deve agradar em cheio os fãs mais nostálgicos da série. Resta saber se vai cativar o público mais jovem.
ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA
Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.