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‘No Intenso Agora’ ressignifica a memória através de imagens de arquivo

Filme de João Moreira Salles, 'No Intenso Agora' revisita imagens de arquivo de viagem da própria mãe à China, do maio de 1968 e da Primavera de Praga.

porValsui Júnior
19 de agosto de 2018
em Cinema
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‘No Intenso Agora’ ressignifica a memória através de imagens de arquivo

Imagem: Reprodução.

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Tudo o que João Moreira Salles toca eventualmente vira ouro. Não foi diferente com No intenso agora (2017), filme que busca na memória de imagens de arquivo do conflituoso período de maio de 1968 respostas para o que se passava no mundo naquele momento. Desde imagens feitas por sua mãe, Elisa Margarida Gonçalves Moreira Salles na China, em plena revolução comunista sob o domínio de Mao Tsé-tung, que revelam a sua própria intimidade e um período de felicidade intenso pelo prazer da viagem, até as imagens dos estudantes eufóricos em barricadas na França de 1968, o filme constrói um pensamento em torno de quem filmou, como foram filmados e qual era o significado de tudo aquilo para o momento.

Longe de cair no clichê documentarístico, a voz off de João ao fundo, que ficou muito bem conhecida em Santiago (2007), traz à baila ideias sobre as imagens que aparecem na tela. Pouco entonada e, em certas ocasiões, até mesmo melancólica, a voz se contrapõe, talvez, à intensidade dos momentos narrados: “Sempre quis saber o que acontece quando dois opostos se encontram”, diz a certa feita, o que pode indicar inclusive a própria opção do diretor em trazer esse contraste.

Não apenas a temática dos instantes filmados é intensa: a maneira como são gravados também. Se na China a visão da mãe de João tinha intensa felicidade ao conhecer uma cultura totalmente diferente da sua, especialmente por vir de uma família milionária no Brasil, as imagens de Praga são quase como um arquivo confidencial, gravado às escuras da janela de um apartamento enquanto as tropas da União Soviética chegavam.

Mais do que um documentário político, ‘No Intenso Agora’ é uma aula sobre o fazer documental.

Já na França, as palavras tinham um poder muito insano. Havia nas ruas um lirismo recorrente, estampado nas pichações de paredes, no rosto iluminado por revolta dos jovens de Sorbonne, no caminhar das barricadas em direção à polícia.

Uma manifestação que inicialmente se fazia por conta das retrógradas censuras na universidade se tornou algo ainda maior quando o estadista à época, o general Charles de Gaulle, intimidou-os fazendo um discurso de apologia à ditadura. Por outro lado, o operariado francês, que era acometido por diversos males de um regime de trabalho injusto, assistia os filhos da burguesia fazendo revolução de uma maneira um pouco apática, como se desconfiassem de tudo aquilo.

Uma das imagens mais emblemáticas do filme é a de um estudante jogando uma espécie de coquetel Molotov nos policiais na França. Analisada frame a frame, enquanto ele inicialmente se afasta para girar e ganhar impulso, logo em seguida ele atira com a maior intensidade possível para frente. Isso mostra, possivelmente, o próprio fazer histórico dos movimentos políticos ao redor do mundo, carregados de pulsões, ora retrógradas, ora progressistas, numa dialética eterna.

Longe da crítica em si, na França o movimento se deu de maneira um tanto mais convincente e propagandística, diferente dos outros países. O que João Moreira Salles dá a entender é que a história é uma construção de memórias coletivas e individuais, como a de sua própria mãe cujas imagens resgatadas refletiam um momento muito importante de sua vida — e que viria a ter um fim trágico. Mais do que um documentário político, No intenso agora é um filme que ressignifica a própria intenção da filmagem de arquivos históricos e ensina como o modo e o contexto são essenciais na análise destas imagens. Assim como em Santiago, João parece dar uma aula sobre o próprio fazer documental, e faz refletir sobre o quanto a imagem é significativa — especialmente em tempos politicamente intensos como o que vivemos atualmente.

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