Na cerimônia de abertura da Olimpíada de Tóquio, que aconteceu sexta-feira passada, houve um momento dedicado a um episódio trágico na história do evento: o brutal assassinato de 11 atletas da equipe israelense durante os Jogos Olímpicos de 1972, realizados em Munique.
Há 15 anos, chegava aos cinemas Munique, filme de Steven Spielberg que tem a ambiciosa missão de abordar o atentado com algum distanciamento crítico. A despeito de ser judeu, percebe-se, ao longo da narrativa, o intuito do cineasta norte-americano de não tomar partido ao reconstituir não apenas o atentado, mas o que se seguiu a ele.
Vítimas de um atentado planejado, há quase 50 anos, por uma organização terrorista palestina, o Setembro Negro, os desportistas da delegação de Israel foram mortos na vila olímpica, em um acontecimento que ganhou imensa força mediática por conta da envergadura internacional do evento do qual participavam.
A despeito de ser judeu, percebe-se, ao longo da narrativa, o intuito do cineasta norte-americano de não tomar partidos ao reconstituir não apenas o atentado, mas o que se seguiu a ele.
Spielberg, no entanto, não se limita a contar a história do atentado. Ele descreve de que forma Israel, sob a mão-de-ferro da então primeira-ministra Golda Meir, vingou-se, um a um, dos culpados pelas mortes dos atletas judeus.
Vigoroso, ainda que um pouco longo demais, Munique tem o grande mérito de, ao mostrar as ações do mossad (serviço secreto de Israel), não retratar o trabalho dos agentes convocados para a missão como um feito heroico. Muito pelo contrário.
A trama tira grande parte de sua força da forma como o diretor explora a trajetória emocional e a crise moral enfrentada pelo protagonista, o espião Avner, vivido com sobriedade e competência pelo ator australiano Eric Bana (de Troia).
Spielberg, um cineasta talentosíssimo, mas que muitas vezes tende a transformar em espetáculo os temas com os quais trabalha, consegue fazer um de seus longas-metragens mais contidos, que lhe rendeu indicações aos Oscar de melhor filme, direção, roteiro adaptado (Tony Kuschner e Eric Roth), montagem (Michael Kahn) e trilha sonora original (John Williams). Filmaço!