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‘Não! Não Olhe!’ é desconcertante alegoria sci-fi sobre mundo em desalinho

Em 'Não! Não Olhe!', Jordan Peele se remete ao cinema de gênero para falar de racismo, xenofobia, misoginia e homofobia.

porPaulo Camargo
6 de setembro de 2022
em Cinema
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'Não! Não Olhe' faz com que olhemos para cima em busca de respostas sobre o mundo aqui em baixo. Imagem: Divulgação.

'Não! Não Olhe' faz com que olhemos para cima em busca de respostas sobre o mundo aqui em baixo. Imagem: Divulgação.

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O cineasta Jordan Peele não dá ponto sem nó. O diretor norte-americano faz cinema engajado, sim, e não esconde isso de ninguém, mas vai bem além da militância pura e simples. Tanto em Corra!, seu longa-metragem de estreia, quanto em Nós, seu filme seguinte, ele discute a condição de ser negro nos Estados Unidos do século 21, em narrativas alegóricas que transitam entre o suspense e o terror. Ele o faz, entretanto, de forma essencialmente orgânica, intrínseca às tramas, evitando um tom panfletário que enfraqueceria a obra.

Em Não! Não Olhe!, seu novo trabalho, Peele dá um passo à frente ao se voltar para o próprio cinema, e a um vasto repertório de referências audiovisuais, culturais, para criar uma narrativa que consegue ser, ao mesmo tempo, sociopolítica e absolutamente envolvente, divertida.

Ele parte do chamado Primeiro Cinema, passa pela ficção científica B dos anos 1950, por variações dos westerns – do clássico ao spaghetti -, transita pelo blaxploitation, e faz até citação direta a Poltergeist, marco do cinema de terror da década de 1980.

‘Não! Não Olhe!’: fabulação

'Não! Não Olhe!': fabulação
‘Não! Não Olhe!’, novo longa-metragem de Jordan Peele. Imagem: Divulgação.

Daniel Kaluuya, o protagonista de Corra, vive O.J. Haywood, que seria descendente do jóquei presente em um dos primeiros experimentos cinematográficos — assinado pelo britânico Eadweard Muybridge no século XIX – antes mesmo do cinematógrafo ser “inventado” pelos irmãos Lumière.

Trata-se de uma fabulação de Peele em torno da identidade do jóquei negro, que o cineasta transforma em ancestral dos irmãos protagonistas de Não! Não Olhe!, uma obra de ficção e não um documentário.

Logo no início do filme, o pai de Haywood morre em um misterioso acidente, e O. J. (como não pensar no ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson, acusado de ter assassinado a própria mulher?) e sua irmã, a lésbica Emerald (Keke Palmer, impagável), herdam um pequeno rancho, onde cavalos são treinados para filmes hollywoodianos.

'Não! Não Olhe!' está em cartaz nos cinemas
‘Não! Não Olhe!’ está em cartaz nos cinemas. Imagem: Divulgação.

Orgulhosos de sua ancestralidade, os dois irmãos a usam para tocar o negócio familiar, mas uma série de eventos estranhos, que sucedem a morte paterna, começam a perturbá-los. Objetos os mais diversos começam a cair do céu.

Na vizinhança do rancho Haywood também está Jupe (Steven Yeun, de Minari), antigo astro mirim de origem coreana que, ainda garoto, testemunhou um violento massacre cometido por um chimpanzé enlouquecido durante a gravação de uma sitcom, da qual ele participava.

Hoje em dia, Jupe é proprietário de um parque temático country meio fake, onde ele se faz passar por uma espécie de caubói asiático. E quem fornece os cavalos a ele é Haywood.

Outros coadjuvantes importantes são o vendedor de aparatos de vídeo Angel Torres (Brandon Perea), de origem latina, e o cineasta Antlers Holst (Michael Wincott), único branco com papel relevante da trama. Os dois personagens são responsáveis por registrar, por meio de imagens em movimento, os estranhos acontecimentos testemunhados pelos Haywood.

Quando o monstro extraterrestre responsável pelos eventos bizarros que afligem a região finalmente dá as caras, nós, espectadores, já estamos capturados pelo filme, que é uma espécie de teia de referências, habilmente tecida por Peele.

Alegoria

Não! Não Olhe! é, portanto, atravessado pelo cinema, presente no mito fundador da família dos protagonistas, pelas referências às quais Peele recorre para construir a narrativa e, por mim, na forma escolhida para tentar decifrar o mistério que vem do céu. Trata-se, assim, de uma obra autorreflexiva até a medula.

O cinema também presente está no parquinho temático de Jupe, que se remete o tempo todo à mitologia western, por um lado, mas, também, à ficção científica de produções B – os filhos do coreano participam dos shows comandados pelo pai fantasiados de alienígenas.

Quando o monstro extraterrestre responsável pelos eventos bizarros que afligem a região finalmente dá as caras, nós, espectadores, já estamos capturados pelo filme, que é uma espécie de teia de referências, habilmente tecida por Peele.

Não vale aqui revelar do que se trata, mas é importante assinalar que essa ameaça revela-se uma potente e inusitada alegoria usada para discutir a inquietação crescente com a ascensão de discursos de intolerância, que passam pelo racismo, pela misoginia e a homofobia. E não apenas no sul da Califórnia, onde a trama se desenrola. Estão também aqui, entre nós.

Peele faz uso de um cinema de gênero que, por vezes simula estéticas trash, mas é extremamente bem realizado, com sequências inventivas de tirar o fôlego, para discutir a sociedade norte-americana contemporânea e todas as suas urgências. Faz, mais uma vez, um filme original que nos tira do eixo.

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