Uma das trajetórias mais emblemáticas da história do entretenimento brasileiro voltou à tona neste início de março. A morte do grupo Mamonas Assassinas, em um acidente aéreo na noite do dia 2 de março de 1996, na Serra da Cantareira, em São Paulo, chocou o Brasil e encerrou precocemente um dos cases de maior sucesso da música brasileira nas últimas décadas.
Vinte e cinco anos depois, o Mamonas Assassinas ainda faz parte da playlist de muita gente. A banda inspirou uma geração e trouxe – de forma surpreendente – um rock cômico repleto de referências – da música portuguesa, passando pelo pagode, sertanejo e forró –, que atingiu em cheio as crianças à época.
Dinho, que completaria 50 anos no dia 5 deste mês, não foi apenas um vocalista carismático. A presença de palco era um dos seus trunfos, além do talento para encarnar tipos e interagir com a plateia.
Dinho, que completaria 50 anos no dia 5 deste mês, não foi apenas um vocalista carismático. A presença de palco era um dos seus trunfos, além do talento para encarnar tipos e interagir com a plateia. A formação, composta ainda por Bento Hinoto (guitarra), Júlio Rasec (bateria) e pelos irmãos Samuel (baixo) e Sérgio Reoli (bateria), tinha uma química impressionante que justifica a meteórica explosão na mídia. Em outras palavras, eles eram imbatíveis.
Em pouco mais de um ano e meio, o quinteto alcançou números impressionantes de comercialização de discos. Quebraram recordes, chegando a vender, por dia, cerca de 50 mil cópias do único álbum lançado. Tocaram por todo Brasil e – em algumas datas – fizeram até 3 shows em diferentes estados do país.
Os meninos de Guarulhos, que antes formavam a banda Utopia, deixaram no ar uma pergunta sem resposta: qual seria o futuro do Mamonas Assassinas? O grupo conseguiria se reinventar e manter o êxito? O fato é que o fim inesperado de um sonho comoveu o país e até hoje a banda vive na memória afetiva dos fãs e até mesmo de quem veio a conhecê-los anos depois do acidente fatal.
Shows
Tive a oportunidade de assistir a dois shows do grupo – um, inclusive, no fim de 1995 na Pedreira Paulo Leminski, um dos mais festejados palcos do Brasil. Era impossível não se contagiar. Eles usavam e abusavam de elementos cênicos (quem lembra das fantasias, chapéus e outros objetos marcantes?). Como comentei anteriormente, Dinho era um verdadeiro showman. Não duvido que seguisse outros caminhos além da música…
Com livros, musical, documentário, uma possível série para tevê (o projeto está há anos, entre idas e vindas, na Record TV) e outras homenagens póstumas, o Mamonas Assassinas mantém-se presente e sempre lembrado com muito carinho. No Spotify, por exemplo, canções como “Robocop Gay”, “Vira-Vira”, “Chopis Centis”, “Pelados em Santos”, “Jumento Celestino”, “Uma Arlinda Mulher” e “1406” estão entre as mais ouvidas do Mamonas Assassinas na plataforma.
O Mamonas Assassinas morreu às vésperas de uma viagem para Portugal. Era, provavelmente, o início de uma nova fase promissora na trajetória dos meninos de Guarulhos. Além da saudade e do reconhecimento ao trabalho, fica a reflexão sobre os bastidores do show business. Afinal, o excesso de trabalho e as nem tão maravilhosas condições oferecidas podem ter colaborado com o triste fim dessa jornada. Uma pena!