O Branco, curta-metragem dirigido por Ângela Pires e Liliana Sulzbach, é uma das mais inventivas produções do gênero já realizadas no país. Lançada há quase duas décadas, a produção gaúcha conquistou o público e a crítica com uma história cativante e bastante inspiradora.
Com pouco mais de 20 minutos de duração, O Branco narra o dia a dia do garoto Fred, um menino cego que vive com a mãe em Porto Alegre. A ausência da visão faz com que ele desenvolva outras habilidades, que serão fundamentais para a compreensão do seu dia a dia.
O curta se destaca pelo excelente roteiro, muito bem construído pelas diretoras e José Pedro Goulart, e pela narração primorosa do saudoso Antônio Abujamra. A riqueza de detalhes aliada às inúmeras possibilidades de histórias presentes nas entrelinhas ao longo da narrativa são alguns dos diferenciais de O Branco.
Fred, interpretado por Francisco Ramos Milanez, tem um fascínio pelo sol. Ainda pequeno, adorava sentir o calor dos raios solares em seu rosto. Com o pai, figura emblemática na trajetória do garoto, desenvolvia inúmeras teorias sobre a cor do astro, que acaba se tornando um elemento importante da história.
O sábado é o dia da semana preferido pelo garoto. Acompanhado pela mãe, vai sempre ao parque. Em um desses passeios, ele conhece uma garota, Cláudia, que será decisiva para uma reviravolta em sua rotina.
Hoje com 30 anos, Milanez concedeu entrevista à coluna Vale um Like. O comunicador e servidor público federal, que mora na capital gaúcha, explica que participou de uma intensa maratona de preparação para viver Fred. “Tive que aprender sobre a realidade de uma pessoa cega, como anda, se mexe e age. Participei de um laboratório de interpretação para fazer o papel”, fala.
Mais que recomendado para atividades com crianças e adolescentes, ‘O Branco’ faz-se necessário em tempos de pertinentes discussões em torno da inclusão e do respeito às diferenças. A produção traz à tona temas como a família e a descoberta do amor, entre outras questões.
À época, Francisco tinha 10 anos. “Eu trabalhava eventualmente em comerciais para a tevê. As diretoras do filme me viram em um comercial e me procuraram”, recorda.
Formado em Cinema, Francisco estudou também interpretação, fez um mestrado sobre o audiovisual na área de educação e se prepara para o doutorado em torno do mesmo tema. ”Não tenho buscado trabalhos como ator, mas adoraria ainda trabalhar mais nesse sentido. Trabalho bastante como apresentador em vídeos e programas, inclusive alguns para a UFRGS TV, e além disso produzo vídeos de forma independente como freelancer”, fala o jovem, que trabalha na UFRGS TV.
Repercussão
Lançado no início da década de 2000, O Branco percorreu importantes festivais de cinema e ganhou muitos prêmios. No conceituado Festival de Berlim, por exemplo, recebeu a Menção Especial do Júri em 2001.
Mais que recomendado para atividades com crianças e adolescentes, O Branco faz-se necessário em tempos de pertinentes discussões em torno da inclusão e do respeito às diferenças. A produção traz à tona temas como a família e a descoberta do amor, entre outras questões. A trilha sonora do saudoso Nico Nicolaiewsky é outro importante destaque do curta.
Para Francisco Milanez, a produção ainda é bastante atual. “A simplicidade e a mensagem do filme tornam-o atemporal na minha opinião. Desmistificar a realidade de um garoto cego e seus desafios cotidianos aproximam e familiarizam as pessoas com o assunto, o que é fundamental”, reitera.
Em tempo: Liliana Sulzbach é diretora de A Invenção da Infância, premiado documentário lançado em 2000. Fica a dica…