O sorriso marcante de Daniel Azulay – combinado com seus figurinos e acessórios coloridos – e a sua capacidade única de desenhar diante de uma câmera de tevê encantaram gerações de brasileiros nas últimas décadas. O artista, que morreu aos 72 anos, no dia 27 de março, em consequência do agravamento do quadro de leucemia e de uma suposta complicação provocada pela COVID-19, democratizou o acesso à arte e fez da sua paixão uma oportunidade para milhares de meninos e meninas.
Conhecido também por suas ações sociais, como o projeto Crescer com Arte, que levava oficinas de desenho para crianças carentes, Azulay partiu no ano em que sua Turma do Lambe-Lambe chega ao 45º aniversário. Com esses personagens, muito antes de Xuxa, ele reinou absoluto entre os baixinhos brasileiros.

Para quem não recorda, a Turma do Lambe-Lambe tinha a magia circense em seu DNA. Crianças e animais falantes, como a galinha Xicória e a coruja Professor Pirajá, tornaram-se febre e marcaram presença na telinha (TVE, Band e TV Cultura), nos quadrinhos, em LPs e muitos outros produtos. A trupe também passou pela TV Rá-Tim-Bum e Canal Futura.
Conhecido também por suas ações sociais, como o projeto Crescer com Arte, que levava oficinas de desenho para crianças carentes, Azulay partiu no ano em que sua Turma do Lambe-Lambe chega ao 45º aniversário.
Esse universo fantástico inspirou muita gente talentosa. O quadrinista José Aguiar, reconhecido internacionalmente, é um deles. Em sua conta no Facebook, escreveu uma singela homenagem ao colega de profissão. “Eu devia ter uns 5 anos e ficava alucinado vendo o Daniel Azulay pintando com sua tinta invisível na tela da TV. Era um truque, ele pincelava uma tela vazia com água, com a ajuda dos efeitos especiais da época, e fazia surgir um desenho cheio de detalhes como que por mágica. Era mesmo magia pra mim. Lembro muito bem de nunca conseguir juntar todos os materiais que ele pedia para fazer as atividades de recortar e colar. Nunca tinha caixa de ovo, papel colorido, barbante ou isopor disponível ou a tempo de achar para acompanhar ele fazendo um brinquedo ou seja lá o que fosse. Não virou trauma não. Talvez tenha me ajudado a fazer dessa frustração precoce a vontade de me virar com o que tinha à mão e, especialmente, nunca desistir de desenhar. Obrigado, Daniel. Você foi especial para o pequeno José e nunca o esquecerei”, escreveu.
O pai da Turma da Mônica, Mauricio de Sousa, também compartilhou seu carinho nas redes sociais. Ele promoveu o encontro de Daniel Azulay com o personagem Anjinho no céu e ainda fez referência ao bordão do companheiro de profissão: “Algodão doce pra você!”.
Fortemente inspirado por Ziraldo, seu mentor e referência ainda na adolescência, Daniel Azulay era um desenhista autodidata. Pela força inspiradora dos traços na sua vida, quis compartilhar essa experiência com os pequenos. “Não podemos esquecer que o desenho é importante para aprimorar a coordenação motora das crianças. Ele é indispensável. Quando desenha, a criança está dialogando com o seu interior; fica mais fácil para os pais conhecerem seus filhos”, comentou em entrevista ao O Globo, publicada em 2017. Valeu, Daniel!