Tenho certeza que muitas crianças e adolescentes da primeira década dos anos 2000 encontraram inspiração nas histórias do escritor mineiro Sérgio Klein. Às vésperas do 8º aniversário de morte do autor, dedico a coluna “Vale um Like” desta semana para relembrar sua trajetória e prestar uma justa homenagem.
Em sua breve e promissora carreira na literatura infantojuvenil, Klein lançou, em 2006, pela editora curitibana Fundamento, Poderosa – Diário de uma Garota que Tinha o Mundo na Mão, que viria a se tornar o seu grande best-seller. A obra tornou-se uma série de enorme sucesso, com cinco títulos e um sexto póstumo, escrito também por José Antônio Orlando.
Poderosa não foi apenas um fenômeno comercial. O livro conquistou a crítica especializada e, não por acaso, foi finalista do Jabuti – o mais importante prêmio da literatura brasileira.
Conheci leitores apaixonados pela protagonista Joana Dalva, de 13 anos, que tem o poder de mudar a história ao seu redor quando escreve com a mão esquerda. O êxito da narrativa se comprovou também com sua bem-sucedida incursão internacional – as aventuras foram lançadas em países como Espanha, México, Itália e Canadá.
A Conspiração Filmes, responsável por sucessos cinematográficos como 2 Filhos de Francisco e a série de tevê Vai que Cola (Multishow), teria comprado os direitos da história para um possível projeto televisivo. Além da série Poderosa, Sérgio Klein publicou livros que alcançaram grande repercussão entre meninos e meninas: A Menina que Era Uma Vez; A Menina que Era Outra Vez; Bilboquê – Que Bicho é Esse?; Cinema, Pipoca e Piruá; Tempo Sem Tampa; Tremendo de Coragem; e Uma Janela no Espelho.

Lembranças
Ao saber da morte de Klein naquele 3 de julho de 2010, além do susto com a notícia inesperada, imediatamente recordei com carinho das entrevistas que tive a oportunidade de fazer com o autor. Foram sempre momentos de grande troca de experiências, isso sem falar na gentileza e sensibilidade características do escritor.
Ao saber da morte de Klein naquele 3 de julho de 2010, além do susto com a notícia inesperada, imediatamente recordei com carinho das entrevistas que tive a oportunidade de fazer com o autor. Foram sempre momentos de grande troca de experiências, isso sem falar na gentileza e sensibilidade características do escritor.
Em um bate-papo com Klein, ele falou, por exemplo, que os contos de fadas eram muito distantes da realidade brasileira. “Não dispomos de reis, príncipes, castelos, dragões. Temos a Amazônia, a maior floresta encantada do planeta, mas nem sempre nos lembramos de usá-la como cenário”, falou.
Foi, inclusive, dessa observação que o autor buscou referências para criar o enredo de Poderosa. Tentando se distanciar dos elementos demasiadamente fantásticos, Klein fez com que sua personagem principal vivesse suas fantasias numa realidade mais próxima dos leitores. “Olhando com atenção ao redor, acabamos descobrindo uma multidão de criaturas e objetos mágicos capazes de atear fogo à nossa imaginação”, falou Sérgio Klein.
O também autor de contos e poemas, reconhecido no Brasil e no exterior, recebeu o Prêmio Casa da América Latina, conferido pela Radio France Internationale, de Paris. Com o volume de contos Palavras Cruzadas, Sérgio Klein conquistou o 1º lugar no Concurso Nacional de Literatura Cidade de Belo Horizonte, em 2002.
Eternizado pelas suas histórias, Sérgio Klein, que partiu precocemente aos 46 anos, permanece vivo na memória afetiva de garotos e garotas que foram fisgados por suas tramas cativantes. Um nome que merece ser lembrado e apresentado com todo o carinho e respeito às novas gerações de leitores.