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Home Crônicas Helena Perdiz

Friaca

Helena Perdiz por Helena Perdiz
20 de julho de 2017
em Helena Perdiz
A A
"Friaca", crônica de Helena Perdiz.

Imagem: Reprodução.

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Puta friaca – essa era a única forma de definir aquela noite. Levantou, pegou mais um cobertor, colocou sobre os outros e deitou novamente.

– Tá maluco, Eugênio?

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– Tô com frio, Gorete. Muito frio.

– A gente vai morrer esmagado debaixo de tanto cobertor. Quantos têm aqui, uns cinco?

– Esmagados, talvez. Mas vamos morrer quentinhos.

Virou para o outro lado. Virou novamente. E mais uma vez.

– Mas, homem do céu, fica difícil dormir assim. Para quieto!

– Eu não aguento mais! Tá muito frio!

– Vai, levanta.

– Levantar por quê? Vai ficar ainda mais frio.

– Pra eu passar o ferro na cama.

– Que ferro?

– O ferro de passar roupa, ué! Pelo menos esquenta.

– Tá bom.

Passou o ferro na cama toda. Deitaram novamente, no quentinho. Por alguns minutos.

– A gente vai morrer esmagado debaixo de tanto cobertor. Quantos têm aqui, uns cinco?
– Esmagados, talvez. Mas vamos morrer quentinhos.

– Eugênio…

– Quê?

– Já esfriou de novo, né?

– Meu pé já congelou.

– Vem mais pra perto de mim, se a gente dormir abraçado fica mais fácil de se esquentar.

– Você sabe que eu não acho confortável.

– Tá confortável aí, tentando dormir na água que o Titanic afundou?

– Vai logo, vem cá.

Se encostaram.

– Mas de jeito nenhum que eu vou ficar abraçada com você!

– Ah, agora voltou atrás?

– Você tá mais gelado que eu! Pelo amor do nosso Senhor!

– Falou a quentona!

Se afastaram. Um tempinho depois, ela levantou.

– Eu não tô aguentando!

– E vai fazer o quê?

– Uma fogueira.

– Claro.

Saiu do quarto. Eugênio ouviu uma barulheira na sala, sem saber o que estava acontecendo.

Ela voltou para o quarto e começou a jogar pedaços de madeira no chão.

– Gorete!

– Levanta dessa cama e vem me ajudar a acender.

– Tá maluca? O que é isso?

– São as nossas cadeiras. Eram.

– Gorete!

– Vai, levanta e ajuda! Só serve pra acender a churrasqueira?

– A gente não pode acender uma fogueira dentro do quarto.

– Mas vai!

– A gente vai botar fogo na casa!

– Você quer passar frio até de manhã?

– Tô indo. Eu não acredito que eu tô fazendo isso. É insano.

E lá estavam os dois: em pé, no quarto, acendendo o que sobrou das cadeiras da sala. Conseguiram.

– Agora vai!

– Vai. Vai pegar fogo na casa inteira.

– É só um pouquinho. Esquentando o quarto, a gente apaga.

– E não respira mais.

– Para de reclamar e sente o calor. Ó! Que beleza!

– Gorete, esse fogo tá subindo mais do que deveria.

Enquanto ela se realizava de olhos fechados, ele olhava apreensivo. E estava certo: o fogo chegou até a cortina.

– Olha como esquentou o quarto.

– Gorete, a cortina! A cortina!

– Quê?

– A CORTINA TÁ PEGANDO FOGO!

– Ai!

– Pega o extintor!

– A gente não tem.

– A gente não tem extintor?

– Nunca teve.

– Por que a gente não tem esse item básico de segurança?

– Vou encher uns baldes. Afasta todos os móveis de perto da cortina.

– Vai logo.

Saiu do quarto. Voltou em menos de cinco segundos.

– Eugênio…

– CADÊ OS BALDES?

– Eu tava pensando aqui…

– Gorete, não é hora de pensar, é hora de agir!

– E se a gente ligar para os bombeiros?

– Liga, então, mas liga agora! Vamos lá pra fora.

– Não, eu ainda não acabei o meu raciocínio.

– Puta que pariu.

– E se a gente aproveitar, enquanto os bombeiros não chegam, pra se esquentar?

– Quê?

– Olha isso, Eugênio! Sente isso! O quarto tá quente, era tudo o que a gente queria. Vamos aproveitar esse momento, ele vai acabar logo.

– É…

Ficaram se olhando por um tempo. Ele fez que sim com a cabeça.

– Vai ligando aí, tô indo pegar as toalhas.

Voltou com duas toalhas molhadas.

Os dois sentaram juntos de frente para o fogo e colocaram as toalhas no rosto. Fecharam os olhos e sorriram aliviados: estava calor.

Tags: BombeiroscalorcamaCobertorcrônicaEugêniofogoFogueiraFriacafrioGoretenoiteTitanic
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Commentários 0

  1. Joaldi says:
    5 anos atrás

    Manda Gorete e Eugênio aqui pra Bahia que tá quentinho… Brincadeira!
    Sou seu fã desde quando você era criança. Adoro suas crônicas! Aquela do sabonete… , ganso…, muito boa!
    Dê um abraço em seus pais Roberto e dona Cristina.

    Responder

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