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Home Crônicas Helena Perdiz

Máquina de lavar

Helena Perdiz por Helena Perdiz
11 de maio de 2017
em Helena Perdiz
A A
Máquina de lavar

Foto: Festa do Pulpo.

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– Joaquim! Deu merda na máquina de lavar roupa.

– Mais essa agora? Cada semana é uma coisa que quebra nessa casa?

Anúncio. Deslize para continuar lendo.

– Vem me ajudar, pelo amor de Jeová!

Foi até a área de serviço. A máquina pulava como a Carla Perez dançando no É o Tchan em 1997.

– Ela enlouqueceu, Joaquim! Não desliga mais no botão, a gente vai ter que tirar da tomada.

– Mas tirar da tomada como, criatura? A tomada fica atrás dela, não dá pra puxar com a máquina pulando desse jeito.

– Tem que dar.

– Como?

– Você vai ter que montar nela.

– Quê?

Apoiou na parede, estupefato.

– Vem me ajudar, pelo amor de Jeová!
Foi até a área de serviço. A máquina pulava como a Carla Perez dançando no É o Tchan em 1997.

– Você monta nela, tipo touro mecânico. E tenta chegar na tomada.

– Touro mecânico? Sofia, você perdeu o juízo? Eu tenho 77, mal consigo montar em você tomando Viagra.

– Você olha essa boca, Joaquim!

– O que é isso que tá saindo da tampa?

Era espuma. Saía de dentro da máquina numa velocidade um pouco assustadora.

– Vai fechar o registro, Joca!

Ele saiu correndo – como podia. Voltou.

– E aí?

– E aí que o registro não fecha nem com macumba.

A espuma já estava invadindo a cozinha.

– Como a gente é! É só desligar a energia.

– Pois eu não vou descer até o porão pra mexer no disjuntor. Já tinha pensado nisso.

– Velho cagão.

– Não é medo, aquele lugar me traz más lembranças.

– Sei.

– Então vai você lá, corajosa.

Ela foi correndo – como podia. Voltou.

– Não consegui, tenho quase certeza que vi um rato passando logo que eu entrei.

– Quase certeza…

– Você não vem querer tirar sarro de mim porque pelo menos eu tive coragem de ir até a entrada.

– O gato!

A espuma já estava no meio da cozinha e agora cobria o gato do casal, surpreendido enquanto cochilava.

– Vem, bichano! Sai dessa espuma. Ai, coitadinho! O que a gente faz?

Não fizeram. Observaram, desesperados, a espuma tomar conta de toda a casa. Cobriu os móveis, a televisão, a coleção de discos do Roberto Carlos. Só sobrou o rádio, que ficava no alto, em cima da geladeira.

Algumas horas depois, a máquina parou.

– Morreu! Morreu a máquina!

– A gente podia morrer também, já que não sobraram motivos pra continuar vivendo.

– Que horror, Joaquim! Pelo menos acabou.

– E toda a nossa casa cheia de espuma? E a máquina que pifou? A gente vai tirar dinheiro de onde pra recuperar a porra toda?

– Calma.

Ficaram parados, pensativos. Nem o bichano tinha reação.

Joaquim caminhou até a porta.

– Onde você vai, Joca?

– Vou ganhar dinheiro pra recuperar as nossas coisas.

– Você não vai se envolver com traficante, não, né? Foi certinho a vida toda, agora depois de velho vai inventar moda.

– Não, Sofia, eu não vou. Liga o rádio no último, vou falar com os vizinhos e conseguir convidados para a nossa festa.

– E que festa?

– Festa da espuma. 50 reais a entrada.

Sofia, vagarosamente, fez que sim com a cabeça enquanto Joaquim saía. Ligou o rádio no último volume e apagou a luz.

Tags: Carla PerezcrônicaEspumafestaGatoJeováJoaquimMáquinaMáquina de lavarRádioRoberto CarlosSofiaViagra
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Commentários 0

  1. Isabel Rosa dos Santos Machado says:
    5 anos atrás

    Adorei, às vezes realmente temos que fazer algo inusitado, para nós sentir vivos.kkk

    Responder
  2. Renata Manjaerra says:
    5 anos atrás

    Nunca mais ligo a porra da máquina sem dar risada! Só a Perdizinha mesmo…

    Responder

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