Outro dia postei uma imagem besta em uma dessas redes sociais que eu não vou falar o nome porque isso aqui não é post patrocinado (porém, podemos negociar), só pra espalhar um pouco de alegria no mundão – eu tinha rido pra cacete e achei que todo mundo merecia rir pra cacete também. Comecei a receber diversas notificações e, quando percebi, estava pegando o celular a cada apitada para conferir quem tinha gostado da postagem, “sabia que o Fulano ia curtir”, “ué, o Ciclano curtiu e o Beltrano não”, “uau, 100 likes em dez minutos”.
Eu estava valorizando cada curtida como se realmente tivesse algum tipo de significado. E não, meu docinho de coco com cobertura de Nutella, não tem. Ter um milhão de likes não me torna uma pessoa um milhão de vezes mais amada, mais legal, mais interessante, mais inteligente ou simplesmente mais. Continuo sendo alguém comum, que fez uma postagem, que teve um grande número de curtidas e que daqui a uma semana ninguém mais vai se lembrar.
Isso vale para número de pessoas adicionadas, de seguidores, de inscritos ou do que mais der pra contar. O difícil é fazer essa geração carente de atenção aceitar.
Não sei se você percebeu, mas atualmente se a gente não ganha umas curtidinhas, aquela viagem maravilhosa de um mês não valeu a pena. Se o nosso check-in não teve comentários animados, fomos até o lugar em vão. Se a nossa nova foto de perfil não fez sucesso, bora chamar o Dr. Rey pra dar um jeito porque com essa aparência monstruosa não vai rolar seguir em frente. E sabe quem perde dando valor a cada uma dessas idiotices, pequeno padawan? Nós, todos nós, eu, você e os outros narcisistas que não percebem que são só mais uma história em meio às outras e que não valem mais do que ninguém.
“Eis que uma reflexão de alguns segundos me deu o choque de realidade: achei que nunca seria otária, fui otária.”
A internet é maravilhosa em diversos aspectos, principalmente quando o assunto é a boa e velha zoeira. Mas a vida acontece fora dela, e é lá que encontramos o que deve ter valor. Sabe o amigo que guarda a última paçoca do pote pra você? O familiar que liga depois de um dia de merda só pra desejar boa noite? O namorado que encontra um gibi legal na banca e compra pra você mesmo com o País em crise? Esses são os likes do mundo real, as atitudes que mostram de verdade quem está ao seu lado mesmo você não sendo uma pessoa cool viajada moderna hype perfeita. E quando a moda da curtição passar, são eles que vão continuar ali com você, a pessoa comum que para eles tem um quê de especial.
Se você postou algo hoje e só a sua mãe curtiu (porque ficou com dó), erga a cabeça e liberte-se, repetindo comigo: foda-se.
Não meça seus likes, parça. A vida é muito mais que isso, mas só vivendo pra entender.