– Você quer casar comigo?
– Oi?
Ficou parado, olhando para ela, com a caixinha do anel na mão estendida.
– Quer?
– Não! A gente nem se conhece, pelo amor de Deus, a gente tá só dividindo o Uber Pool.
– Desculpa. Ela também falou “não”, minha ex-futura esposa. Fiquei sem saber o que fazer com o anel.
– Entendi. Bonito o anel. Não quero, mas achei bonito.
– Lindo, né? Custou caro.
– Mas tá sujo.
– É, ela enfiou no meu pacote de Doritos e foi embora.
– Eita!
Desviou o olhar e ficou alguns segundos sem falar.
– É…
– Mas você pediu a moça em casamento enquanto comia Doritos?
– Longa história.
– Tá certo. Acho que eu prefiro não saber.
Guardou a caixinha no bolso.
– Desculpa, mas qual é o seu nome?
– Luiza.
– Que bom!
– Que bom?
– Mas você pediu a moça em casamento enquanto comia Doritos?
– Longa história.
– Sim, o dela não era Luiza.
– Ah, sim. Que bom, então.
O carro parou.
– É aqui que eu desço. Foi um prazer conhecê-la, Luiza.
– Moço, não. Posso te pedir um favor muito sério?
– Claro.
– Não vai embora sem contar a história do Doritos! Eu preciso saber.
– Mas você não queria que eu contasse.
– Talvez eu tenha mentido.
– Então talvez eu conte mais tarde.
– Talvez eu ouça mais tarde.
Sorriram. Ela marcou o telefone no celular dele.
– Tchau, Luiza!
– Tchau, moço do Doritos!
– Lucas.
– Até mais, Lucas.
– Talvez!
– Talvez.
E foi assim que a história deles começou. Alguns anos depois, seria ela recusando o pedido de casamento – mesmo sem nenhum salgadinho envolvido. Talvez Lucas não fosse um homem pra casar.