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Home Crônicas Henrique Fendrich

Duas horas de luz

Henrique Fendrich por Henrique Fendrich
19 de outubro de 2016
em Henrique Fendrich
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Foto: Reprodução.

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Se um dia, às portas do paraíso, me for concedido o eterno acesso à terra onde mana leite e mel, experimentarei uma alegria que apenas ligeiramente superará aquela que me está reservada anualmente, sempre que chega o mês de outubro: o início do horário de verão. Sei bem que o assunto está longe de ser consenso, e conheço pessoas que enxergam neste adiantamento das horas uma própria manifestação do anticristo, mas eu, pessoalmente, me posto ao lado daqueles que encontram no horário de verão um motivo de congraçamento e júbilo universal.

É evidente que esta, como a maior parte das nossas inclinações, tem sua explicação na infância. O horário de verão, quando chega, me transporta imediatamente para 20 anos atrás, quando eu era um piá que vivia no interior de Santa Catarina, e que, desgraçadamente, estudava no período da tarde. Ora, é coisa bem sabida que a criança que estuda à tarde não perde apenas a tarde, mas também a manhã, já que dificilmente acordará muito cedo para brincar. Mal a criança começa a se divertir e já está na hora de almoçar e se arrumar para ir à escola. Quando ela volta para casa, já é quase seis da tarde, e aí já está tão escuro que mãe nenhuma deixa a criança ficar brincando por muito tempo. Mas eis que surge o horário de verão.

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O horário de verão, quando chega, me transporta imediatamente para 20 anos atrás.

Na prática, o horário de verão significa que só vai escurecer perto das oito horas da noite. O verão por si só já faz escurecer uma hora mais tarde, e aí o horário de verão acrescenta ainda outra. Façam as contas: das seis às oito são duas horas. É uma eternidade e meia, pelo menos quando se é criança e se quer brincar. Nesses casos, volta-se do colégio, troca-se de roupa correndo, e num instante estamos na rua, como que saídos da prisão, como que autorizados a entrar em um reino celestial.

É bem verdade que, no meio dessas duas horas de luz, havia uma indefectível janta, que lá em casa sempre acontecia às sete da noite, independente da fome, mesmo que estivéssemos jogando bola e ganhando a partida. Eu voltava correndo para casa e não comia, apenas engolia tudo o que aparecia pela frente, e quando meu pai pedia que comesse mais devagar eu lançava mão de uma sacada que havia aprendido com o Calvin: “De que adianta ter um metabolismo rápido se não for para usá-lo?”. Feito o quê, partia para os 45 minutos restantes de brincadeiras, não me importava em correr logo depois de ter comido. Se voltava para casa era apenas porque a mãe chamava, e às vezes ela demorava, e eu lá, brincando, já na escuridão. Pois o horário de verão permite essas pequenas infrações.

É preciso que se diga ainda que é durante o horário de verão que acontece o Natal. Esse simples fato desencadeia em mim todo um processo proustiano. Assim que o governo nos manda adiantar os relógios, sou visitado pelos fantasmas dos natais passados, lembro-me das noites que chegavam à medida que se acendiam luzinhas. Há mesmo uma coisa diferente no ar. É horário de verão, é Natal, paz na Terra aos homens de boa vontade.

Mesmo que isso tenha como preço o acordar ainda com noite alta, mesmo que não gere nenhuma redução significativa no consumo de energia elétrica, acho que vale a pena. Na dúvida, perguntem a qualquer criança que estude à tarde.

Tags: crônicahenrique fendrichhorário de verãoluz
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