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Os ipês-amarelos

Henrique Fendrich por Henrique Fendrich
15 de setembro de 2021
em Henrique Fendrich
A A
"Os ipês-amarelos", crônica de Henrique Fendrich.

Imagem: Henrique Fendrich.

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Pois se, há coisa de dois meses, eu saí de casa para procurar as cerejeiras em flor, qual um perfeito japonês, não é demais que agora, no fim do inverno, eu tenha empreendido uma busca semelhante pelos ipês-amarelos. A florada dos ipês está especialmente majestosa neste ano, aparentemente porque tivemos um inverno atípico – ou seja, um inverno com frio.

Pedalo até a região do Parolin, em Curitiba. A sorte está do meu lado, pois, inesperadamente, topo com a Rua Dr. Carvalho Chaves e seus muitos ipês em flor dos dois lados da via. Acho um encanto e, contrariando o meu comportamento padrão, tiro várias fotos, porque aqueles ipês estavam sozinhos e não mereciam, precisavam ser vistos por mais gente.

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O doutor Carvalho Chaves foi um político, e não um doutor, mas alguma coisa boa há de ter feito nessa vida para que a posteridade lhe outorgasse o nome de uma rua pacata e repleta de ipês-amarelos. Vejo ali uma casa à venda e imagino como deve ser a vida no meio dos ipês. A imobiliária provavelmente não precisará de muito empenho para convencer os interessados que ali aparecerem, que olharem ao seu redor e verem a rua carregada desse amarelo vivo.

Sigo por outras ruas, descubro outros ipês, uns muito altos, e paro para tirar mais fotos. Na esquina da Alferes Poli com a Professor Rubens Elke Braga, há ipês especialmente bonitos. Curiosamente, vejo um táxi parado logo ao lado deles. Olho ao redor e não vejo nenhuma movimentação, nenhum sinal de que alguém esteja saindo de casa para entrar no táxi. O próprio taxista parece tranquilo demais para estar esperando alguém. Acaso seria ele um poeta e estaria ali, simplesmente, porque é uma coisa boa e bonita ficar ao lado de ipês-amarelos floridos? Eu gostaria se fosse assim, mas logo me vem um pensamento mais realista: ele está ali porque aqueles ipês se tornaram ponto turístico e, mais cedo ou mais tarde, aparecerá alguém tirando fotos e que precisará de um veículo para voltar. Então eu gosto menos desse taxista, pois também não posso tirá-lo das minhas próprias fotos.

O que é que se quer exatamente quando se sai para ver uma árvore em flor? Apreciar a beleza, isso é certo, mas como exatamente se faz isso? Tenho para mim que o ser humano prático e objetivo não sabe o que fazer com a beleza. Ele olha para um ipê florido e constata que, de fato, é bonito, mas e depois? Não demora até concluir que não poderá ficar ali parado por muito tempo apenas olhando uma árvore. Se a beleza puder ser explorada, se lhe trouxer vantagens financeiras, aí é outra história, mas isso de ficar só olhando e contemplando realmente não é com ele.

O ser humano prático e objetivo não sabe o que fazer com a beleza. Ele olha para um ipê florido e constata que, de fato, é bonito, mas e depois?

Falo, falo, mas também sou um mais prático e objetivo do que gostaria. A meu favor, a consciência de que seria preciso algo mais do que uma foto do ipê. É por isso que eu permaneço próximo aos ipês mesmo depois de já os ter visto e fotografado, pois quero algo mais, uma comunhão maior, mas não sei exatamente o que fazer para consegui-la. Dizem que as suas pétalas são comestíveis, mas ainda não dou esse passo. Olho para as flores, tenho a impressão de que vivem e vibram. Pode parecer até panteísmo, ou paganismo, ou animismo, mas estou para dizer até que aquelas flores amam. E então eu tento retribuir.

Há mensagens que os ipês-amarelos passam e que não aparecem nas imagens compartilhadas nas redes sociais. O ipê só floresce porque acha que vai morrer. Estressado primeiro pelo frio e depois pela seca, o ipê se vê forçado a uma tentativa desesperada de salvação: florescer, liberar as sementes que darão continuidade à vida. Penso então no momento da minha própria vida, pois também eu, perturbado por condições adversas, tinha perspectivas sombrias, até que fiz mais uma tentativa, dei flores, liberei as sementes e comecei a atrair os polinizadores. A vida parece continuar e o resultado há de ser admirável.

Embora todos floresçam, os ipês amarelos não estão todos na mesmíssima fase, pois, enquanto uns já oferecem um tapete de flores, preenchendo toda a calçada ao redor de si, outros ainda estão carregados de pétalas, o que também consigo associar à minha própria vida: sou desses que florescem mais tarde. Há um tempo para tudo, diz a sabedoria eclesiástica.

Agora atraio ipês: dou de cara com alguns deles quando entro em alguma rua na qual poderia muito bem não ter entrado. Dizem que os ipês-amarelos são um símbolo do Brasil, pois florescem na época do 7 de Setembro, mas essa não é uma época boa para fazer tal associação. Ah, não usem o ipê-amarelo para os seus propósitos nacionalistas!

Enquanto olho para as calçadas e laterais das ruas, em busca de ipês, encontro uma quantidade considerável de pessoas miseráveis, de homens e mulheres largados à sua própria sorte, e isso me parece, atualmente, um símbolo adequado, se bem que muito mais triste, da realidade nacional. São pessoas a quem a morte também ronda e não se pode estar certo de que conseguirão evitá-la florindo. Bem, mas essa era para ser uma crônica bonita sobre os ipês-amarelos e a esperança nos tempos de seca.

Leiamos as mensagens que eles nos trazem.

Tags: árvoresbelezacrônicaCuritibaInvernoipêsipês-amarelosParolin
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