Ter senso crítico, para alguns, é buscar defeitos no mundo. Como a imperfeição é, de certa forma, onipresente, regra geral até, essa procura não exige lá muito esforço. Portanto, defendo a ideia de que apontar falhas é, hoje, uma opção muito mais fácil, e preguiçosa, do que identificar méritos. Em tempos nos quais todos parecem ter opiniões formadas, e aparentemente convictas, sobre qualquer assunto, e uma espada na ponta da língua, argumentação sólida tornou-se mero detalhe. Valem mais as frases de efeito, pontiagudas e ferinas, que parecem oferecer a quem as forja uma sensação de poder prêt-à-porter. A crueldade está em voga.
Desafio aqui, portanto, os leitores a exercitarem o músculo da generosidade, sob o risco de serem chamados de ingênuos, utópicos, alienados. Olhar para a realidade em busca de qualidades demanda muito, mas muito mais esforço e ousadia. Porque o elogio pode, sim, se reduzir ao uso de adjetivos, que se desfazem no ar, frente ao ceticismo no qual andamos mergulhados. “Nada presta” virou um mantra escapista para quem posa de inteligente, reflexivo. Falar bem de algo ou alguém exige coragem, além de uma defesa bem mais consistente, porque ser crítico tornou-se, perversamente, um exercício de maledicência pouco nuançado, sobretudo sob o anonimato conveniente das redes sociais, e de outros rincões mais ou menos obscuros da realidade digital.
Ter senso crítico, para alguns, é buscar defeitos no mundo. Como a imperfeição é, de certa forma, onipresente, regra geral até, essa procura não exige lá muito esforço. Portanto, defendo a ideia de que apontar falhas é, hoje, uma opção muito mais fácil, e preguiçosa, do que identificar méritos.
Ando, confesso sem muito pudor, precisando mais do olho no olho, da sinceridade que se despe da pretensão de ser honesta sem cuidados. Tudo em nome de uma pretensa ditadura do #prontofalei. Caramba, não fale, não escreva, se você não tem noção das consequências de suas palavras! O que você lança ao mundo tem impacto imprevisível, e pode, sim, ser danoso, e magoar, ainda que sustentado por um discutível senso de liberdade de expressão. Ter opinião não dá a ninguém o direito de ser cruel.
Pensar, refletir, escolher as palavras com cuidado, e exercitar a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro, nos fazem seres mais preparados para viver em sociedade, em uma certa comunhão, na qual insisto em acreditar para continuar apostando na vida.