Pense dez vezes antes de dizer, ou escrever, o que pensa. Reflita se, de fato, é o que merece ser expressado naquele instante, ou se não passa de uma reação impulsiva, movida por pensamentos enviesados, desencadeados pela necessidade de atenção. Há quem tenha orgulho de verbalizar o que sente, em nome de uma suposta autenticidade. Mas nem sempre o pensamento que emerge diante de uma situação, no calor de hora de um fato cotidiano, merece ganhar o mundo sob a forma de palavras e atitudes grosseiras, ferinas. A vida ensina, com frequência, que o apressado se arrepende.
Mas não se deve confundir cautela com hipocrisia. Omitir não é mentir, ou trair-se. É uma espécie de humildade: em benefício da dúvida, da incerteza que se esconde por trás da reflexão imatura, o silêncio e a pausa são refúgios sensatos, protetores. Vivemos tempos em que as palavras estão banalizadas, desperdiçadas nas redes sociais ou na trivialidade do dia a dia, em comentários que destilam ódio, ignorância e ausência de empatia. Sarcasmo e ironia nem sempre são manifestações de inteligência, como os mais cínicos apregoam. Pelo contrário.
Mas não se deve confundir cautela com hipocrisia. Omitir não é mentir, ou trair-se. É uma espécie de humildade: em benefício da dúvida, da incerteza que se esconde por trás da reflexão imatura, o silêncio e a pausa são refúgios sensatos, protetores.
Há, sem dúvidas, quem nos tira do sério com afirmações e posturas obtusas, irrefletidas, que ofendem quando nos chegam aos ouvidos e olhos. Não é pouco o desejo de esticar a mão até o coldre, para sacar a arma, e devolver na mesma moeda. Disparar talvez alivie, por um momento, essa revolta. Porém, de novo, será que esse prazer não é fugidio, ilusório? Essa sensação de poder tende a se desmanchar no ar, porque nada acrescenta ou constrói numa realidade hoje pautada pela instantaneidade.
Maturar os pensamentos nem sempre é viável. Somos humanos, também irracionais, e meter os pés pelas mãos faz parte dessa condição de impermanência. Somos menos do que idealizamos. De certa maneira, colher as consequências da impulsividade fora de hora pode resultar em um processo de aprendizado, ainda que doloroso. Contar até dez, entretanto, é uma estratégia simples, capaz de evitar pequenos e grandes desastres.