O que você diria à criança ou ao adolescente que um dia foi, se tivesse a oportunidade de conversar com ele? “Leia mais, ainda mais do já lê, enquanto tem tempo nas mãos” seria o meu primeiro grande conselho.
Quem lê, nunca está completamente só e o que o cérebro apreende quando se é jovem, e não estou falando apenas de conhecimentos, tende a ser metabolizado, transformado em essência orgânica. Talvez porque nosso racional, ainda imaturo, não tenha nessa fase da vida a capacidade de tudo compreender, explicar. Mas é ávido e bebe a vida em grandes goles. Aposta no tempo que tem pela frente.
Eu também diria ao garoto meio tímido, ensimesmado que fui, que se sentir diferente da maioria, até um pouco “esquisito” diante da dita normalidade, não é ser menos. O tempo vai mostrar que ele não é o único, tampouco está errado. “Há tantos outros que se sentem como você, mas com receio da rejeição, se fecham, para se protegerem.”
Eu também diria ao garoto meio tímido, ensimesmado que fui, que se sentir diferente da maioria, até um pouco ‘esquisito’ diante da dita normalidade, não é ser menos. O tempo vai mostrar que ele não é o único, tampouco está errado.
Por isso mesmo, eu falaria, sem temer estar errado: “Busque os outros, olhe mais nos olhos, converse, ouça, cumprimente, inclua.” De certa forma, e da minha maneira, já acreditava nisso tudo e, na medida do possível, tive coragem e ousei.
Só gostaria de, àquela época, já saber que o charme do mundo está justamente em cultivar a individualidade, sim, mas a tornando mais flexível, receptiva, porosa às diferenças. Eu me aconselharia a insistir em minha vontade de estar perto de quem eu gostasse, e a investir na construção de vínculos, sem receio de perdê-los.
Por fim, eu lhe daria um abraço longo, apertado, silencioso. Para ele aprender que, muitas vezes, as palavras não dão conta do afeto. E é preciso o gesto, o afago, o carinho.