Dias atrás, ao acompanhar a repercussão de uma certa foto, publicada nas redes sociais, possivelmente de forma precipitada, por uma conhecida figura do meio acadêmico brasileiro, percebi que muitos, pouco importa de que lado estejam no espectro político, se sentem na obrigação (ou seria tentação?) não apenas de julgar, mas de tornar pública sua opinião, antes de tomar pé dos fatos. Ou de entender o que aquele acontecimento realmente significa.
Nesses tempos velozes, e superficiais, nos quais vivemos, a ansiedade dá lugar à sensatez, e pronto – basta uma isca, um estímulo, e todos abrem suas bocarras, famintos por engolir a realidade, e sem digeri-la, devolver ao mundo sentenças quase definitivas, supostamente cheias de razão, disparadas como petardos condenatórios.
Hoje, como diz a canção de Renato Teixeira e Almir Sater, “Tocando em Frente”, “ando devagar, porque já tive pressa”. Julgar me parece o caminho mais curto e fácil para quem vê o mundo em preto e branco, sem nuances ou sutilezas. Proporciona uma breve e intensa sensação de poder e quase sempre tem um efeito destrutivo, por justamente excluir a possibilidade de dúvida.
Dias atrás, ao acompanhar a repercussão de uma certa foto, publicada nas redes sociais, talvez de forma precipitada, por uma conhecida figura do meio acadêmico, percebi que muitos, pouco importa de que lado estejam no espectro político, se sentem na obrigação (ou seria tentação?) não apenas de julgar, mas de tornar pública sua opinião, antes de tomar pé dos fatos.
Compreender um acontecimento, um gesto ou uma atitude de alguém, em sua totalidade, por mais equivocados que pareçam ser, dá trabalho e muitas vezes torna-se um ato solitário, pois demanda tempo de reflexão. Na dúvida, é melhor esperar antes de proferir julgamentos.
O pensamento de manada é, nessas práticas digitais protegidas por um relativo mas não completo anonimato, a opção mais tentadora para quem defende com unhas e dentes a sua verdade. Sem se dar conta de que essa obstinação traz em si, como efeito colateral inevitável, episódios de cegueira ideológica, e até mesmo ética.
Em minha busca espiritual por um caminho do meio, reclamo por mais tempo, e lentidão diante da realidade, para apreendê-la com mais serenidade, e me dando conta de que julgar exige responsabilidade, argumentos, e, sim, a capacidade de entender que todos erram, e nem sempre pelos motivos que, na pressa, enxergamos como justificativa para puxar o gatilho.