Há pouco tempo foi inaugurada, no Passeio Público de Curitiba, uma área reservada a cães e seus donos, bem nessa ordem. Cercada de grades, com um portão de acesso, ela não é exatamente ampla, mas muito bem cuidada: grama cortada, toras de madeira transformadas em charmosos bancos rústicos, para quem deseja se sentar e assistir aos animais, a maior parte deles livres de coleira, interagir, correr, brincar.
É inevitável que a distância entre os humanos também seja encurtada sob o pretexto de poder trocar ideias sobre os bichos, falar, olhar nos olhos. O que se observa, portanto, é uma interessante simbiose sociabilizante.
Até a inauguração do espaço, o Passeio, encravado no coração da cidade, da qual é um dos mais tradicionais cartões-postais, era vedado a animais de estimação, embora um ou outro cachorro desgarrado, que desconhece interdições, consiga até hoje driblar a fiscalização e possa ser visto nem perambulando sem culpa ou juízo. Já vi alguns desses, nos últimos tempos, com o focinho colado na grade, intrigado com a novidade de agora existir um lugar ao qual seus companheiros de quatro patas têm acesso liberado.
Há pouco tempo foi inaugurada, no Passeio Público de Curitiba, uma área reservada a cães e seus donos, bem nessa ordem.
Para quem tem pets e mora nessa movimentada região do Centro, no qual havia apenas a Praça Santos Andrade aonde levá-los a passeio, o parque veio em muito boa hora. O fato de a área ser gradeada, o que impede a fuga dos animais, permite que tanto eles quanto seus tutores fiquem mais soltos, disponíveis. É bonito observar esse fenômeno do lado de fora. Tanto que há sempre gente parada diante das grades, na ciclovia ou na calçada que margeiam o parque, assistindo, intrigada, a essa interação, digamos, multirracial, na região central da cidade, em plena luz do dia.
Cães a correr e brincar, humanos sentados na grama e nos bancos, ou de pé, muitas vezes a conversar, povoam uma espécie de utopia de sociabilidade concretizada, tão necessária nestes tempos brutos que estamos vivendo.