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Home Literatura

Julián Fuks e a literatura de ocupação

Em 'A Ocupação', Julián Fuks retoma Sebastián, personagem de 'A Resistência', para criar um romance contra a barbárie.

porJonatan Silva
24 de janeiro de 2020
em Literatura
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Julián Fuks retorna em 'A ocupação'

Julián Fuks. Imagem: Reprodução.

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O homem é o lobo do homem. Ou a ruína, como afirma Julián Fuks em A Ocupação. Se em A Resistência – livro que recebeu três prêmios Jabuti – o autor investiga a própria história, em seu romance mais recente cria aquilo que chama de literatura de ocupação, que faz da cidade personagem, mas também um meio para uma mensagem contra a barbárie, capaz de transformar as vidas de homens e mulheres à deriva em um canto de guerra em defesa da realidade e do presente.

Sem se esquivar da discussão política, Fuks transcende a ideia de pontos de fuga, e como Orwell (1903 – 1950) em Na Pior em Paris e Londres, mergulha no outro. Quando Sebastián, solapado pela perspectiva da morte do pai e pelo nascimento do primeiro filho, participa da ocupação de antigo hotel no centro de São Paulo não é o prédio abandonado – que um dia recebeu entre seus hóspedes Nat King Cole – que acaba por ser ocupado, mas o próprio narrador.

N’A Ocupação, cujo tratamento realista e autoficcional dão o tom da narrativa, o Brasil é um país de contrastes, praticamente impossível de ser compreendido, e explica a impossibilidade de comunicação e interação entre as classes.

O romance, que resulta de uma residência artística que Fuks participou no Hotel Cambridge e também da mentoria do escritor moçambicano Mia Couto – patrocinada, por sinal, pela Rolex –, é o retrato das fragilidades de uma terra em transe: de um lado a população sem teto e os refugiados, de outro, um voyeur de classe média em ruínas. Por meio desses paradoxos, Fuks coloca luz sobre as diferentes experiências que dão forma – e, em muitos casos, até deformam – a sociedade.

N’A Ocupação, cujo tratamento realista e autoficcional dão o tom da narrativa, o Brasil é um país de contrastes, praticamente impossível de ser compreendido, e explica a impossibilidade de comunicação e interação entre as classes. “Não olhei os seus olhos, nos seus olhos não cheguei a procurar a minha própria imagem”, comenta o narrador ao ser abordado por um homem embriagado em uma cadeira de rodas.

A impressão, em um sentido explícito de mea culpa, é muito clara: não fomos feitos à imagem e semelhança daquele com quem nós não nos identificamos.

Dentro dos escombros

À medida que Sebastián se deixa invadir pela ocupação – e aceitar aquilo que é seu, da sua natureza e também da sua família –, a inércia que o levava ralo abaixo passa a colocar suas certezas em xeque, construindo um novo homem dentro dos escombros. É a partir desse processo de ressignificação, por meio das histórias dos moradores e do porquê integram o movimento – permeiando o livro como pequenos contos –, que o romance ganha força e potência. “A literatura é para toda gente, foi-se o tempo em que se acreditava confinada em círculos restritos”, explica Fúks em entrevista à revista Quatro Cinco Um. “É sobretudo para gente desocupada de preconceitos e certezas equívocas”.

Mesmo que à revelia, A Ocupação é uma espécie de continuação de A Resistência, entretanto, é em seu último romance que Fúks faz da literatura um manifesto de sobrevivência e de reflexão, impondo ao leitor um exercício de contínuo de alteridade e empatia.

Isso faz d’A Ocupação uma tentativa bem-sucedida de humanizar o invisível e de trazer à tona uma discussão que, apesar de cada vez mais premente, está longe dos holofotes e ainda muito distante do universo literário.

A OCUPAÇÃO | Julián Fuks

Editora: Companhia das Letras;
Tamanho: 136 págs.;
Lançamento: Dezembro, 2019.

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Tags: A OcupaçãoA ResistênciaCompanhia das LetrasCríticaCrítica LiteráriaGeorge OrwellHotel CambridgeJulián FuksLiteraturaMia CoutoNa pior em Paris em LondresResenha

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