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‘A Idiota’ fala do flerte via internet por meio de uma reflexão sobre linguagem

Finalista do prêmio Pulitzer, romance 'A Idiota', de Elif Batuman, se centraliza nas descobertas da estudante Selin em Harvard.

porMaura Martins
21 de maio de 2021
em Literatura
A A
Elif Batuman, autora de A Idiota

A escritora Elif Batuman. Imagem: Divulgação.

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O ano é 1995. Uma jovem de 18 anos, filha de imigrantes turcos nos Estados Unidos, ingressa em Harvard. São os primeiros anos, de fato, do começo de sua vida, em que ela experiencia todas as novidades que parecem acenar no horizonte: novas oportunidades, amizades vindas de vários lugares do mundo, a possibilidade de finalmente sair do casulo familiar. Selin, a protagonista de A Idiota, romance de Elif Batuman, é uma menina como nós.

Mas assim como na vida de quase todo mundo, nada de muito relevante acontece. Selin cursa disciplinas (algumas legais, outras nem tanto), mantém contato esporádico com os pais, alimenta amores platônicos. No entanto, há um detalhe interessante da trama: em 1995, a internet está ainda engatinhando. Selin está aprendendo a se comunicar por essa nova linguagem, e é a partir dela que vai se aventurar num novo universo que só cresceria: o do flerte online. É por meio dos e-mails, hospedados no servidor de Harvard, que Selin vai começar a se comunicar com Ivan, um estudante húngaro de mestrado que a encanta, sem que ela jamais entenda direito o porquê.

A idiota pode ser descrito como um romance de formação, ou seja, o tipo de obra que apresenta o processo de amadurecimento de um personagem.

A idiota pode ser descrito como um romance de formação, ou seja, o tipo de obra que apresenta o processo de amadurecimento de um personagem. Narrado em primeira pessoa, Selin claramente é o alter ego da autora – ela mesma uma filha de imigrantes turcos, que, em 1995, também tinha 18 anos. A grande diversão desse romance é poder adentrar no mundo interior desta moça e de suas descobertas – a maior parte delas, aliás, ocorrem em campo acadêmico, à medida em que ela estuda russo e linguística. Em certo momento, Selin conclui: “acho que todo mundo vivencia a própria vida como uma narrativa. Se você não tivesse algum tipo de história em andamento na cabeça, como você saberia que você é ao acordar pela manhã?”

Nesse sentido, o livro remete bastante a outra obra, A trama do casamento, de Jeffrey Eugenides, na qual uma universitária avalia sua vida e seus relacionamentos a partir de seus aprendizados sobre semiótica e análise de discurso. No entanto, na obra de Eugenides, há mais ação e conflito: em A Idiota, a vida de Selin parece um tanto enfadonha. Ela é uma moça inteligente, repleta de conhecimentos, mas a quem falta experiência. A parte alta do romance, na minha leitura, envolve a tensão entre Selin e Ivan, que vivenciam essa espécie de paixão platônica em que a linguagem se impõe como um muro. Aparentemente eles se gostam, mas não conseguem dar qualquer passo que ultrapasse a tensão gerada pelas palavras.

A outra camada interessante na leitura deste livro se dá por conta da mediação estabelecida pela internet neste interesse amoroso. Quando se comunicam por e-mails, Selin e Ivan exibem-se um ao outro por meio de “cartas” digitais que são, basicamente, uma espécie de romance epistolar. Usam, portanto, todas as suas ferramentas de linguagem. Quando se encontram, a química sempre parece muito aquém da que eles tinham por meio das palavras escritas. Há sempre uma frustração e uma dificuldade de comunicação entre os dois. E, é claro, acompanhamos toda essa situação pela ótica de Selin, e por isso dificilmente conseguimos captar o que se passa na cabeça de Ivan (por que ele escreve longos e-mails profundos a Selin e depois a leva para conhecer sua namorada?).

A Idiota tem uma estrutura que se divide em duas partes centralizadoras. Na primeira, vemos a vida de Selin na universidade, e seu processo de pequenas descobertas – dentre elas, sobre a sua inexperiência em tudo. Na segunda, o livro adquire ares de romance de viagem: em busca de algum sentido à sua história, Selin se mete num projeto e vai para a Europa ensinar inglês a crianças húngaras (suas decisões, claro, envolvem o desejo de se aproximar de Ivan). Nesta parte, em minha visão, o livro perde um pouco de ritmo, com cenas longa com mais personagens do que conseguimos acompanhar.

Espécie de “meta romance”, A Idiota (cujo título faz referência a O Idiota, de Dostoievski) é uma boa leitura especialmente para quem gosta de literatura e vai captar as reflexões trazidas por Elif Batuman.

A IDIOTA | Elif Batuman

Editora: Companhia das Letras;
Tradução: Odorico Leal;
Tamanho: 488 págs.;
Lançamento: Abril, 2021.

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Tags: A idiotaA trama do casamentoBook ReviewCompanhia das LetrasDostoievskiElif BatumanHarvardJeffrey EugenidesLiteraturaLiteratura AmericanaLiteratura FemininaPulitzerResenhaRomanceTurquia

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