• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Literatura

‘Aberto está o inferno’: a investigação literária de Antonio Carlos Viana

Autor de 'Aberto está o inferno', Antonio Carlos Viana é um mestre do conto, mas ainda parece não ter sido descoberto pelo grande público.

porJonatan Silva
29 de novembro de 2019
em Literatura
A A
'Aberto está o inferno': a investigação literária de Antonio Carlos Viana

Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

A literatura de Antonio Carlos Viana (1944 – 2016) é a síntese de um Brasil que convulsiona: a miséria, a ignorância, a devassidão, as contradições que dão o tom à demagogia cotidiana – todas são personagens do escritor sergipano. Aberto está o inferno, publicado em 2004, é o resumo do país em 2019, já às raias do próximo ano. Seus contos investigam as ausências e as carências que formam um povo sofrido e inocente, rodeado por paisagens áridas e as inúmeras perdas de uma vida miserável.

Viana, um autor ainda a ser descoberto pela maioria, faz das formas breves – como diria Ricardo Piglia (1941 – 2017) – um estudo bastante avançado e amplo não apenas das mazelas, mas também da natureza humana. Suas narrativas encontram na perda da inocência e na amargura diante das condições – dois dos temas que percorrem boa parte dos 33 contos do livro – a força-motriz para um olhar vigoroso e sensível sobre o mundo.

Aberto está o inferno se debruça sobre aquilo que desejamos que fosse invisível. Para contrapor a hipocrisia, o escritor maximiza as situações-limite, os absurdos das relações e os impasses diante da “economia de meios”. São homens – que muitas vezes não passam de meninos – em busca de sexo; mulheres que driblam as convenções para sobreviver às impossibilidades; velhos e velhas que tentam enganar a morte para viver para sempre. No todo, todos são gente contra as vicissitudes da vida e em fuga da exploração que é intrínseca ao simples estar vivo.

Todo esse domínio estético e narrativo dos relatos de Aberto está o inferno confirma Antonio Carlos Viana como o João Cabral do conto, um ourives da palavra, alguém capaz de transformar qualquer metal em ouro.

Lassidão

Antonio Carlos Viana faz da vida do sertanejo e do favelado uma odisseia kafkiana. São muitos os processos e tamanhas as metamorfoses que é impossível ao sujeito manter-se o mesmo. Se em “Ana Frágua” o único objetivo do personagem é deixar de ser virgem, em “Tadinho do professor Tadeu” o autor cria uma aula de libertação e rebeldia. “Triste paixão no morro do Avião” e “Prima Otília” são peças incríveis sobre a lassidão de um amor proibido – como é a maioria dos amores em Aberto está o inferno.

Em todos os 33 contos do livro – um número bastante simbólico, é verdade –, o escritor percorre caminhos duros, porém, elevando a singeleza de um abismo que persegue as pessoas comuns. No meio de tanta balbúrdia – casas que não têm paredes, corpos que não possuem limites físicos e morais, direções que não têm sentido –, o que parece se sobressair é a sensação de isolamento. Não há o que parece salvar os personagens de uma estranha solidão. “Escritor escreve sempre sobre as mesmas coisas. E solidão é um tema muito caro a mim. Assim como o sexo, a morte, sempre estou recorrendo a esses assuntos”, comentou o autor em entrevista ao Cândido.

Todo esse domínio estético e narrativo dos relatos de Aberto está o inferno confirma Antonio Carlos Viana como o João Cabral do conto, um ourives da palavra, alguém capaz de transformar qualquer metal em ouro.

ABERTO ESTÁ O INFERNO | Antonio Carlos Viana

Editora: Companhia das Letras;
Tamanho: 160 págs.;
Lançamento: Outubro, 2004.

COMPRE O LIVRO E AJUDE A ESCOTILHA

Tags: Aberto está o infernoAntonio Carlos VianaBook ReviewCompanhia das LetrasCrítica LiteráriaLiteraturaLiteratura BrasileiraPernambucoResenhaRicardo Piglia

VEJA TAMBÉM

A escritora francesa Anne Pauly. Imagem:  Édition Verdier / Divulgação.
Literatura

‘Antes Que Eu Esqueça’ traz uma abordagem leve e tocante sobre o luto

30 de junho de 2025
Autora produziu um dos maiores fenômenos literários das últimas décadas. Imagem: Marcia Charnizon / Divulgação.
Literatura

Por que os leitores amam — e nem toda crítica gosta — de ‘Tudo É Rio’, de Carla Madeira

20 de junho de 2025

FIQUE POR DENTRO

A escritora francesa Anne Pauly. Imagem:  Édition Verdier / Divulgação.

‘Antes Que Eu Esqueça’ traz uma abordagem leve e tocante sobre o luto

30 de junho de 2025
Jon Hamm volta à boa forma com Coop. Imagem: Apple TV+ / Divulgação.

‘Seus Amigos e Vizinhos’ trata o privilégio com cinismo e humor ácido

30 de junho de 2025
Longa de Babenco foi indicado em quatro categorias no Oscar, levando a de melhor ator. Imagem: HB Filmes / Divulgação.

‘O Beijo da Mulher Aranha’, de Hector Babenco, completa 40 anos como marco do cinema latino-americano

27 de junho de 2025
Assinada por George Moura e Sergio Goldenberg, produção é nova aposta da Globo. Imagem: Globoplay / Divulgação.

‘Guerreiros do Sol’ e a reinvenção do cangaço na dramaturgia brasileira contemporânea

26 de junho de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.