Com a estreia do imperdível Blade Runner 2049 nos cinemas, muitos espectadores estão retornando ao clássico filme de 1982 para relembrar a eletrizante caça de Rick Deckard aos androides rebeldes sob a chuva de neon. É uma excelente escolha: afinal, o filme é considerado um dos maiores clássicos da ficção científica no cinema, e forma a base para o novo longa de 2017 – igualmente instigante. Contudo, há um outro material ao qual os fãs dos filmes deveriam retornar: o livro original de Philip K. Dick, o estranhamente intitulado Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, de 1968.
Além de servir de base para os dois filmes, o livro não é um grande clássico do sci-fi por acaso, pois coloca em evidência a imensa criatividade de seu autor. Por isso, caso você ainda precise ser convencido, preparamos essa lista com 5 motivos para ler Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? – confira!
Além de servir de base para os dois filmes, o livro não é um grande clássico do sci-fi por acaso, pois coloca em evidência a imensa criatividade de seu autor.
1. É diferente dos filmes
Tanto a adaptação da obra aos cinemas quanto a sequência lançada este ano utilizam o mundo criado por Dick como base para desenvolver suas narrativas, aproveitando personagens, conflitos e aspectos tecnológicos da obra para embasar seu universo. Porém, apesar das similaridades com a adaptação de 1982, o livro é bastante diferente dos longas, com muitos personagens, tramas, diálogos e elementos de ambientação que não estão presentes nas telas. Certas passagens exclusivas ao livro, inclusive, são algumas das melhores partes da narrativa, como a estranha religião do Mercerismo, as ambições de Deckard de presentear sua esposa com um animal biológico real e as verdadeiras motivações da androide Rachael.
2. Ambientação impecável
Como é de praxe quando se trata de Philip K. Dick, a ambientação da obra é deliciosamente complexa, detalhando uma sociedade futura e semi-distópica em todos os seus aspectos – do econômico ao político, do tecnológico ao religioso, do cultural ao filosófico. Ainda mais impressionante é a habilidade do autor de estabelecer as regras desse universo em um livro pouco extenso para uma obra de sci-fi, empregando com perfeição a técnica do show, don’t tell – ou seja, apresentando seu mundo ao leitor de forma orgânica, sem insultar a sua inteligência.
3. Linguagem afiada
Para extrair o máximo das 272 páginas do livro, Philip K. Dick emprega uma linguagem limpa, afiada, praticamente destilada – sem jamais soar frio ou robótico como os androides caçados por seu protagonista. Mesmo nessa ambientação futurista especulativa, os diálogos são diretos e verossímeis, e soam naturais como conversas que poderíamos ouvir na rua nos dias de hoje. As descrições das personagens são sucintas e criativas, e a ausência de grandes floreios de linguagem permite que a trama evolua rumo ao clímax desimpedida e veloz.
4. Simbolismo complexo
Do enigmático título ao recorrente questionamento do que significa estar vivo, Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? é uma obra repleta de simbolismos, metáforas e alegorias que vão além dos dilemas éticos e existenciais apresentados nos filmes. A compulsão de Deckard por obter um animal biológico, símbolo de status e prestígio entre os renegados que permanecem na Terra; o uso das “caixas de empatia” por adeptos do Mercerismo, que permitem ao usuário experimentar qualquer sensação que julgar necessária, mesmo que esta seja o puro desespero existencial; a obsessão de John Isidore, personagem cortada dos filmes, com o conceito de entropia; todos esses elementos resultam em múltiplas interpretações plausíveis da história, tecendo a grande complexidade da obra.
5. O autor é Philip K. Dick!
Se essas outras indicações não forem suficientes, basta saber que o autor do livro, Philip K. Dick, é um dos maiores gênios da ficção científica, um escritor habilidoso e prolífico cujas dezenas de romances e contos formam uma obra verdadeiramente diversa, reflexiva e inteligente, com criatividade ímpar na criação de universos. Da brilhante plasticidade metafísica de Ubik aos mundos paralelos de O Homem no Castelo Alto, Dick realiza verdadeiras autópsias da realidade, apresentando narrativas sempre sucintas e arrebatadoras. Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, é claro, não é exceção.
ANDROIDES SONHAM COM OVELHAS ELÉTRICAS? | Philip K. Dick
Editora: Aleph;
Tradução: Ronaldo Bressane;
Tamanho: 272 págs.;
Lançamento: Março, 2014 (1ª edição).