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Em ‘Quiçá’, Luisa Geisler faz seu primeiro mergulho na angústia adolescente

Em 'Quiçá', seu romance de estreia reeditado pela Alfaguara, Luisa Geisler aborda uma amizade entre dois primos desencaixados em sua família.

porMaura Martins
21 de agosto de 2024
em Literatura
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Imagem: Divulgação.

Imagem: Divulgação.

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A gaúcha Luisa Geisler é uma espécie de prodígio literário. Em 2011, com apenas 20 anos, ela venceu o Prêmio Sesc de Literatura na categoria Melhor Livro do Ano de Autor Estreante com o romance Quiçá (Editora Alfaguara, 2024). Originalmente publicado pela Record, a obra ganha agora nova edição no selo vinculado à Companhia das Letras.

Quiçá aposta na inventividade formal para abordar o tema que se tornaria a marca dessa autora, que é a vivência juvenil com suas angústias (não por acaso, o romance rendeu depois um espaço como colunista da revista Capricho, em 2012). Luisa provaria, na sua carreira ainda em construção, que escrever sobre e para os jovens, no gênero chamado de young adult, não significa fazer obras menores.

Quiçá carrega como tema de fundo a cisão entre ser adolescente e ser adulto.

Na suposta (?) leveza da vida adolescente, Luisa sugere, escondem-se os mais pesados dramas existenciais. Em Quiçá, por exemplo, acompanhamos o sofrimento de dois jovens, os primos Clarissa, de 11 anos, e de Arthur, que acaba de completar 18. Arthur vem de uma origem complicada (de uma mãe solteira cheia de problemas) e tentou o suicídio recentemente. Por conta disso, “sobra” aos publicitários Augusto e Lorena, pais de Clarissa, a tarefa de hospedá-lo em sua casa.

É claro que o resultado é o conflito: o casal (sobretudo Lorena) teme que Augusto seja uma má influência para a filha. Meio sem rumo, ele está prestes a reprovar em tudo na faculdade, tem o hábito de enforcar aula e encher a casa de amigos, e não para de planejar novas tatuagens. O que se evidencia aos poucos, contudo, é que a certinha Clarissa, a menina modelo dos pais, sempre com boas notas na escola, está reclusa e até um pouco deprimida (embora faltem recursos a todos – exceto Arthur – para enxergar isso). Sua principal companhia é a do gato Zazzles.

Clarissa é negligenciada pelos pais, dois workaholics donos de uma agência de publicidade em São Patrício, a maior cidade do país. Quando o primo Arthur se junta à família, a suposta normalidade dessa casa que vive no automático fica prestes a desmoronar.

A trágica condição de ser jovem

Capa da reedição de ‘Quiçá’. Imagem: Alfaguara / Arte: Escotilha.

Quiçá carrega como tema de fundo a cisão entre ser adolescente e ser adulto. O que se observa desde o início é a incompreensão de Augusto e Lorena (que, subentende-se, ainda são bem jovens) em se dar conta sobre o que ocorre na vida da filha, que simplesmente é encaixada como parte da rotina da família. Clarissa parece acostumada a ficar relegada a uma peça da estrutura cotidiana dos pais, que seguem tranquilos na perspectiva de que ela “tem tudo”.

O descaso parental é suprido pela quantidade de bens de consumo que são postos à filha – o que é reiterado por Luisa, de forma debochada, ao mencionar, sempre em parênteses, o tipo de TV que fica à disposição da família: “Full HD, conexão à internet, com 3D, 52 polegadas”.

Arthur, que aparece na trama como um presente de grego recebido à revelia, é como um antídoto que vai desestruturar a frágil tranquilidade desse pequeno núcleo. Ele vem de Distante, um pequeno município onde também Augusto e Lorena nasceram, e que são vistos, de maneira algo velada, como “traidores” que ousaram deixar para trás os parentes interioranos atrasados. Assim, quando ninguém sabe mais o que fazer com Arthur, cabe aos bem-sucedidos do clã de São Patrício a tarefa de acolhê-lo, talvez por culpa.

Há em Quiçá algum incômodo trazido pela parte estrutural que mistura os tempos ocorridos no presente, com a atual situação de Arthur, e o passado com a família em Distante, o que torna a alteração das vozes narrativas um pouco confusas para acompanhar. Mas a parte mais bonita é o modo que Luisa Geisler constrói a amizade inevitável (embora relativamente conturbada) entre Clarissa e Arthur – que são, de certa forma, o que sobrou um para o outro.

Nesse encontro entre dois desencaixados, cada qual à sua maneira, nasce uma relação cativante e que nos evidencia que é justamente na troca entre si, menos do que com os adultos, que os adolescentes descobrem a vida. Embora todo esse universo fosse ser melhor explorado posteriormente por Luisa Geisler no belíssimo Luzes de emergência se acenderão automaticamente, de 2014, ela já mostra em Quiçá todo o seu talento para jogar luz ao sofrimento – e ao deleite – que é crescer nesse mundo.

QUIÇÁ | Luisa Geisler

Editora: Alfaguara;
Tamanho: 240 págs.;
Lançamento: Junho, 2024 (atual edição).

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Tags: Editora AlfaguaraLiteraturaLiteratura BrasileiraLuísa GeislerQuiçáResenhayoung adult

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