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‘Olhos de sal’: um encontro nos não-lugares de Carlos Machado

Em 'Olhos de sal', escritor e músico curitibano Carlos Machado constrói narrativa sob a incomunicabilidade de tempos cada vez mais líquidos.

porJonatan Silva
10 de julho de 2020
em Literatura
A A
Carlos Machado, autor de Olhos de Sal

Escritor Carlos Machado em sua casa. Imagem: Divulgação.

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Carlos Machado é um escritor de itinerários. Geográficos. Sentimentais. E, claro, narrativos. Olhos de sol, que encerra a Trilogia do Não Lugar – da qual fazem parte Poeira fria (2012) e Esquina da minha rua (2018) –, é um arremate nas suas obsessões. Seja pela a ideia da desterritorialização – personagens sempre em trânsito – ou a incomunicabilidade – como na trilogia de Antonioni –, Machado parece conseguir resumir como poucos os absurdos da normalidade – algo que norteia também os contos de Passeios (2016) e Era o vento (2019).

Sob essa ó do comum – da xícara do café e do trem na estação –, Olhos de sal coloca em evidência aquilo que parece escondido. O autor, como Ariadne, tece seus fios para desfazê-lo para levar ao inferno o personagem em ascensão. É um retrato certeiro de um mundo em perpétua desconstrução. É como se não houvesse saída a não ser a própria saída.

E Olhos de sal é, portanto, uma novela sobre partida: um homem, C., prestes a deixar o seu lugar e embarcar em uma viagem à Europa. Como um Jules Verne dos tempos líquidos, o personagem sabe que, ao abandonar aquilo que entende como casa, deixa para trás também tudo o que faz ser quem é, ou seja, a sua identidade. É interessante pensar, justamente, na maneira como as identidades, as personas gregas, fluem em sua obra. Como uma colcha de retalhos, Machado possui um universo particular, um mundo bastante íntimo em um constante estar para ficar.

Em Olhos de sal, Carlos Machado atinge a narrativa perfeita: o encontro entre as vozes de si e do outro, num passeio sobre o vazio e o abismo que nos espera ali na esquina.

Oscilação e realidade

Carlos Machado explora essas nuances – o limite entre a dúvida e a certeza – para dar voz a um homem cuja confusão está escondida nos idiomas que fala e a nada bem regrada vida que leva. É como se estivesse sempre preso à memória, vivendo de um passado por ora romântico, idílico, ora devastador.

Em um momento em que tudo é urgente, necessário, nada é verdadeiramente importante. E o singular se torna vulgar dispensável. É nessa oscilação que a literatura de Carlos Machado reflete a realidade, sem apelar para os temas fáceis e que atendem às demandas do politicamente correto.

Da mesma maneira como Balada de uma retina latino-americana (2006), seu livro de fotografias sem imagens, Olhos de sal é diário de viagens estático, encapsulado em um homem complexo e interessante, capaz de levar o leitor pelas suas neuroses mais íntimas. C. – como B., narrador de Poeira fria, – é um sujeito em fuga, à beira de um ataque de nervos: vivendo na limiar de uma sanidade meramente imposta pela sociedade.

Em Olhos de sal, Carlos Machado atinge a narrativa perfeita: o encontro entre as vozes de si e do outro, num passeio sobre o vazio e o abismo que nos espera ali na esquina.

OLHOS DE SAL | Carlos Machado

Editora: 7Letras;
Tamanho: 116 págs.;
Lançamento: Maio, 2020.

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Tags: 7LetrasBook ReviewCarlos MachadoCríticaCrítica LiteráriaCuritibaEra o ventoLiteraturaLiteratura CuritibanaOlhos de salPasseiosResenhaSuiça

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