• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Música

A justa e necessária alucinação de Belchior

'Alucinação' trazia Belchior em sua essência e ilustrava as angústias de uma geração.

porDaniel Tozzi
5 de maio de 2017
em Música
A A
Foto: Reprodução.

Foto: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

O cantor e compositor cearense Belchior morreu no último dia domingo, na cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul, onde residia com sua esposa, a artista plástica Edna Araújo. Aos 70 anos e com uma vasta discografia, Belchior foi um dos grandes nomes da Música Popular Brasileira e as canções de seu mais famoso trabalho, o disco Alucinação, de 1976, marcaram época, com letras repletas de reflexões  provocações e citações a figuras importantes do período.

No caótico Brasil dos anos 70, Belchior retratou o sentimento de uma geração perdida entre as dificuldades do período do regime militar e o saudosismo daqueles que “amam o passado” e descreem no poder transformador da juventude, como diz a letra de “Como Nossos Pais”. O disco Alucinação foi o segundo lançamento da carreira do cantor, que debutou no cenário nacional com Mote e Glosa, de 1974. Ao lado de figuras como Raimundo Fagner e Ednardo, Belchior fez parte do chamado “Pessoal do Ceará”, grupo de músicos do estado nordestino que invadiu a grande cena da música brasileira do eixo Rio-São Paulo em meados da década de 1970.

Do começo ao fim, o álbum apresenta o cantor em sua essência: letras fortes e provocativas, cercadas de referências e sua icônica voz anasalada.

Do começo ao fim, o álbum apresenta o cantor em sua essência: letras fortes e provocativas, cercadas de referências e sua icônica voz anasalada. Fã dos Beatles e dos ritmos brasileiros, Belchior mistura com maestria os gêneros musicais e essa miscelânea aparece também nas letras, que citam desde Edgar Allan Poe, Bob Dylan e a canção “Blackbird” de Paul McCartney , até Fernando Pessoa e Caetano Veloso.

O afiado Belchior também não perde a oportunidade e, ao dizer na faixa-título do disco, que sua “alucinação é suportar o dia-a-dia e seu delírio é a experiência com coisas reais”, alfineta outros ícones da música brasileira da época como Gilberto Gil e Raul Seixas, que viviam “romances astrais” e se encantavam com “essas coisas do Oriente”.

Este era Belchior: o sujeito não interessado em nenhuma teoria. Provocativo, inconformado audacioso e melancólico. O delírio era a experiência com a realidade. Basta de desbundes e devaneios, grita Belchior. O desafio é simplesmente conseguir suportar o dia-a-dia. Suportar a realidade do simples rapaz latino-americano. Daquele que sai do norte e vai tentar a vida na cidade grande, que sofre preconceito, que batalha pra vencer na vida.

De que importava a “revolução”? De que importava as experiências transcendentais? A angústias da juventude em um tom muitas vezes autobiográfico é que ganharão voz nos versos de Belchior. Aliás, nada mais belchiorista que o seu próprio sumiço em seus últimos anos de vida. Dizer um basta ao que chamamos de “vida convencional” e viver a própria alucinação particular. Sempre desobedecendo. Nunca reverenciando.

Anarquista? Utópica? Libertária? Niilista? A obra do cantor é inrotulável. Apesar do proposital ostracismo, a fama de Belchior permaneceu intacta. Suas reflexões sobre a juventude, constantemente presentes em suas canções, permanecem sendo estudadas e ajudam na compreensão do dramático momento do Brasil da década de 1970. Independente do sumiço, ou agora da morte, de Belchior, suas alucinações e seu legado permanecerão para sempre presentes na cultura brasileira.

VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI, QUE TAL CONSIDERAR SER NOSSO APOIADOR?

Jornalismo de qualidade tem preço, mas não pode ter limitações. Diferente de outros veículos, nosso conteúdo está disponível para leitura gratuita e sem restrições. Fazemos isso porque acreditamos que a informação deva ser livre.

Para continuar a existir, Escotilha precisa do seu incentivo através de nossa campanha de financiamento via assinatura recorrente. Você pode contribuir a partir de R$ 8,00 mensais. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.

Se preferir, faça uma contribuição pontual através de nosso PIX: pix@escotilha.com.br. Você pode fazer uma contribuição de qualquer valor – uma forma rápida e simples de demonstrar seu apoio ao nosso trabalho. Impulsione o trabalho de quem impulsiona a cultura. Muito obrigado.

CLIQUE AQUI E APOIE

Tags: alucinaçãoBelchiorMote e GlosaMPBMúsicaMúsica Brasileira

VEJA TAMBÉM

Músico partiu aos 88 anos, deixando imenso legado à música brasileira. Imagem: Reprodução.
Música

Bira Presidente: o legado de um gigante do samba

16 de junho de 2025
Retrato da edição 2024 da FIMS. Imagem: Oruê Brasileiro.
Música

Feira Internacional da Música do Sul impulsiona a profissionalização musical na região e no país

4 de junho de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

Autora produziu um dos maiores fenômenos literários das últimas décadas. Imagem: Marcia Charnizon / Divulgação.

Por que os leitores amam — e nem toda crítica gosta — de ‘Tudo É Rio’, de Carla Madeira

20 de junho de 2025
'Cais' foi o grande vencedor do Olhar de Cinema. Imagem: Divulgação.

Olhar de Cinema afirma-se como território de risco, memória e insurgência estética

19 de junho de 2025
Elvis Presley e a pequena Lisa Marie. Imagem: Reprodução.

‘Rumo ao Grande Mistério: Memórias’ relata a tragédia de ser filha de Elvis Presley

19 de junho de 2025
Segundo longa de Daniel Nolasco esteve no Olhar de Cinema. Imagem: Divulgação.

Crítica: ‘Apenas Coisas Boas’ molda o silêncio sob o signo de Bresson – Olhar de Cinema

18 de junho de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.