Trocando em Miúdos: Na semana em que se completam 6 anos da morte do Rei do Pop, Michael Jackson, a coluna inicia uma série de publicações em homenagem a um dos maiores artistas da história da música. Nesta primeira parte, começamos em seus anos de Jackson Five e vamos até Thriller, seu icônico álbum de 1982.
A era Jackson Five
Em 29 de agosto de 1958, veio ao mundo Michael Joseph Jackson. O que Joseph e Katherine Jackson não sabiam naquele dia era que seu pequeno filho, o sétimo dos nove que tiveram, seria o Rei do Pop. Claro que não demorou muito para que Michael e seus irmãos mostrassem talento para a música, lapidada na casa de vizinhos durante as muitas fugas da rigidez do pai. Joseph Jackson logo notou e fez o que pode para tornar os filhos uma mina de dinheiro.
Com oito anos, Michael já tinha contrato com a Motown, gravadora fundada em 1959 por Berry Gordy Jr., e por onde passaram Diana Ross e The Temptations. Ele fazia parte, juntamente com os irmãos Jackie, Tito, Jermaine e Marlon, do Jackson Five. Aos treze anos, Michael Jackson e os irmãos já possuíam quatro canções no topo das paradas: “I Want You Back”, “ABC”, “I’ll Be There” e “The Love You Save”.
“ABC”, lançada como single do álbum homônimo em 1970, bateu “Let it Be” dos Beatles no Billboard Hot 100. A faixa, que falava sobre aprendizado, ficou em primeiro lugar nas paradas por quatro semanas. “I’ll Be There” foi além. É, até hoje, a música de maior sucesso da Motown no que ficou conhecido como “Era Clássica de Detroit”. Em 1992, Mariah Carey regravou a canção para o seu MTV Unplugged e também atingiu o topo da Billboard Hot 100.
A saída da Motown, em 1975, e a consequente ida para a Epic, no mesmo ano, foram fundamentais para o que viria a seguir em sua carreira. Michael passou a ser o principal compositor do grupo e, apesar da depressão sofrida pela dificuldade em aceitar que se tornaria um adulto, foi catapultado para o estrelato. Em 1978, interpretou o Espantalho no longa O Mágico Inesquecível, contracenando com sua companheira de gravadora, Diana Ross. É neste momento que entra na carreira do cantor a figura de Quincy Jones, famoso produtor musical, que já havia trabalhado com lendas como Miles Davis, Frank Sinatra e Ella Fitzgerald.
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Michael Jackson solo em Off The Wall
O período no Jackson 5 foi muito duro para Michael Jackson. Sua criação foi sofrida nas mãos do rígido pai. Em entrevista à apresentadora Oprah Winfrey em 1993, Michael confidenciou que chorava constantemente quando pequeno e chegava às vezes a vomitar, tamanho medo que nutria do pai. O episódio também foi lembrado pelo músico em 2003, no documentário Living With Michael Jackson, dirigido por Martin Bashir. Na ocasião, o músico chorou ao relembrar a infância. Até hoje o documentário é considerado controverso. MJ disse inúmeras vezes que Bashir manipulou suas falas no trabalho de edição, de forma a criar uma narrativa que o diretor achava ser mais interessante, distorcendo a realidade. (Assista ao documentário completo e legendado aqui).
Saltar para a carreira solo foi, de certa forma, o primeiro passo de Michael Jackson para sua independência. Entre 1972 e 1982, foram 6 discos de estúdio. Off The Wall foi o primeiro dele como adulto. O álbum, produzido por Quincy Jones, atingiu a marca de 20 milhões de cópias vendidas, alçando MJ a um novo patamar. Boa parte da meiguice pela qual ficou conhecido nos tempos de Jackson 5 saiu de cena. Novas camadas foram atribuídas ao seu estilo, como funk, dance music, soft rock e jazz. Off The Wall rendeu ao músico seu primeiro Grammy Awards (Melhor Performance por “Don’t Stop ‘till You Get Enough”) como cantor solo. Anos mais tarde ele ganharia outros 17 sendo um deles, pelo conjunto da obra, póstumo.
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Thriller e o sucesso mundial
Foi com Thriller, de 1982, que o sucesso chegou para ficar. Lançado em 30 de novembro daquele ano, o disco contava com participações de grandes artistas como Paul McCartney e Eddie Van Halen, e é o ápice da parceria de Michael com Quincy Jones. Além dos gêneros musicais já trabalhados pelo músico em Off The Wall, Thriller introduziu o R&B em seu repertório. À época, toda a mídia especializada aclamou o álbum como um dos melhores de todos os tempos. O trabalho rendeu ao cantor 8 prêmios no Grammy Awards, entre eles o de Álbum do Ano.
Thriller foi extremamente marcante na carreira de Michael Jackson. Se tornou não apenas seu disco de maior sucesso comercial, mas o mais vendido da história da música, com mais de 65 milhões de cópias vendidas em todo o mundo (alguns números ventilados, mas não confirmados, dizem já ter ultrapassado a marca dos 100 milhões). Michael quebrava barreiras, comerciais e raciais, tornando-se presença constante na recém inaugurada MTV, nos corredores da Casa Branca e nos palcos pelo mundo afora. Thriller influenciou muito mais que o cenário musical, impactando, também, a moda e o audiovisual. Os videoclipes feitos para “Beat It” “Billie Jean” e “Thriller” marcaram época, em especial o último, uma obra com mais de 14 minutos. Da noite para o dia, a MTV – até então acusada de racismo por não ceder espaço aos artistas negros – passou a destinar 28 minutos a cada hora para exibição do videoclipe, tudo em função da quantidade de pedidos de exibição que eram recebidos na emissora.
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Thriller influenciou, inclusive, o próprio Michael Jackson. O ambiente soturno e sobrenatural da faixa título era um prenúncio do que o artista viria a fazer em seu próximo trabalho, Bad, de 1987. Cada faixa do disco era como uma espécie de diário íntimo do cantor. Músicas sobre paternidade negada (“Billie Jean”) e críticas aos meios de comunicação e ao mundo das celebridades (“Wanna Be Startin’ Somethin'”) abraçavam as narrativas sobre a violência das gangues (“Beat It”) e a descontração disco (“Baby Be Mine” e “P.Y.T. – Pretty Young Thing”). O mundo conhecia, então, um dos artistas mais completos da história da música mundial, que nos próximos 10 anos dominaria as paradas de sucesso e os espaços comerciais em vários veículos, tornando-se um dos maiores fenômenos midiáticos de todos os tempos.
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Continua na próxima semana.