Desde Explode, álbum de estreia do grupo maringaense Corona Kings, radicado em São Paulo desde 2016, que o quarteto mostra a que veio. Transitando com desenvoltura por vertentes que unem peso e uma dose de virtuosismo, a Corona Kings apresentou ao público, em 2015, Dark Sun, um registro maduro, clara evolução da sonoridade apresentada no disco de estreia.
Acrescentando uma camada de experimentação, o grupo, formado por Caique Fermentão, Antonio Fermentão, Felipe Dantas e Murilo Benites chegou a um resultado que era a cara do rock moderno e contemporâneo, capaz de juntar peso, letras expressivas e riffs extasiantes. Com uma personalidade que transbordava autenticidade, o novo disco, Death Rides a Crazy Horse, foi ansiosamente aguardado.
Qual não foi a surpresa de encontrar o grupo recorrendo ao simples, mantendo um trabalho melódico e lírico ainda impecável, mas optando por um som mais seco e direto.
Ao abrirem-se as cortinas, qual não foi a surpresa de encontrar o grupo recorrendo ao simples, mantendo um trabalho melódico e lírico ainda impecável, mas optando por um som mais seco e direto, com menos experimentações que o LP anterior. A escolha, contudo, não fez com que a Corona Kings fugisse ao risco.
Primeiro trabalho da banda no selo Forever Vacation Records, Death Rides a Crazy Horse exigia uma entrega ao menos na mesma medida que tornou os meninos de Maringá conhecidos na cena independente. Fiéis às suas raízes, [highlight color=”yellow”]o novo material da banda parece ecoar mais como a documentação de quem são do que a tentativa de profetizar o futuro dos músicos.[/highlight] Não por acaso, é o disco mais monocromático da Corona Kings, apostando as fichas na sacralização de notas pesadas e aceleradas, lançando mão de uma estética sonora que flerta com o proto-metal ao mesmo tempo que busca no stoner a linha mestre que estrutura o álbum.
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Faixas como “Profit Song”, “Try It Out (feat. Deb Babilonia)” e “Death Proof” são responsáveis por demonstrar o que distingue a Corona Kings de outros grupos que enveredam pelo stoner rock. Esse novo momento do grupo fornece um retrato mais preciso de como a banda moldou o peso de sua obra, ao mesmo tempo em que permite conferirmos de perto o espírito lúdico da lógica sonora construída pela banda na imaginação do sempre atento ouvinte.
É inegável que a opção em experimentar menos leva o grupo a uma zona de conforto, onde podem abrir o leque de riffs que bem a audiência conhece, mas também guarda a obrigatoriedade de atingir um nível alto de qualidade, coesão e inventividade. E neste último ponto algo faltou, capaz de garantir o sopro de novidade que um disco novo sempre traz. Não significa que Death Rides a Crazy Horse decepcione, pelo contrário. Mas parece que visitamos um lugar onde o próprio quarteto já havia nos levado. [highlight color=”yellow”]Sorte, ao menos, que este lugar é agradável.[/highlight]