O Heavy Baile já havia lançado os singles “Catuaba”, ao lado de Tati Zaqui, “Berro”, ao lado de Lia Clark e Tati Quebra Barraco, e “Ziquizira”, com a BaianaSystem, porém agora o coletivo carioca lançou oficialmente seu primeiro disco, Carne de Pescoço.
O Heavy Baile é Leo Justi, MC Tchelinho e DJ Thai, coletivo que surgiu em 2013, com a produção de festas nas favelas cariocas atrelada à produção musical. Além de suas produções próprias, o Heavy Baile aparece na produção de diferentes artistas, como MC Carol, na recente e importante “Marielle Franco (Desabafo)”
Ainda realizando festas na noite do Rio e de São Paulo, o Heavy Baile é essencialmente mistura: pretos com brancos, gays e héteros, asfalto e favela. Essa mistura é clara na profusão de gêneros que surgem dentro de Carne de Pescoço, pois o disco parte do funk para se misturar aos mais diferentes subgêneros da música eletrônica.
Carne de Pescoço tem fôlego para fazer uma festa completa.
Essa mistureba também fica clara nas parcerias, que vão de ícones do funk, como Tati Quebra Barraco e MC Carol, até outras figuras como a própria drag Lia Clark, o BaianaSystem ou o encontro com o dancehall do Dada Yute. Uma dessas parcerias é com Tati Zaqui, no já conhecido single “Catuaba”, que reaparece no disco em nova versão.
Para marcar o lançamento de Carne de Pescoço, o grupo lançou um clipe para “Catuaba”, que traz, além de Tati, as meninas do Bonde das Maravilhas e dançarinos da festa Batekoo. O clipe tem direção de Ana Paula Paulino e Cauã Csik, a mesma dupla responsável pelo ótimo clipe de “Berro”, lançado no verão.
Carne de Pescoço abre com a faixa-título, ao lado de MC Carol, um hit pesadão, que tem ecos de Kuduro. Carol de Niterói faz ecoar o grito de que no “Heavy Baile só tem carne de pescoço”, isto é, eles não estão para brincadeira!
Aliás, a banda não nega o nome, pois o ritmo é pesado e as batidas são fortes, são 10 canções que não dão tempo de respirar. Mesclando os singles já conhecidos com novos hits, Carne de Pescoço tem fôlego para fazer uma festa completa: não precisa montar uma playlist, nada disso, é do tipo de disco que dá pra se colocar na íntegra para tocar e para colocar geral para dançar.
!['Carne de Pescoço', de Heavy Baile 'Carne de Pescoço', de Heavy Baile](http://www.aescotilha.com.br/wp-content/uploads/2018/05/heavybaile_carnedepescoco_3000x3000-300x300.jpg)
O importante do disco é que ele não tenta higienizar ou suavizar suas canções: elas são o que são e falam com verdade sobre os diferentes universos em que os integrantes trafegam. Num tempo em que muitas cantoras de funk têm sua imagem “editada”, digamos assim, para alcançar um público maior, é importante que o grupo reúna todas essas pessoas em torno de um disco que dá a cara a tapa (exemplo complexo disso é o fato do grupo já ter enfrentado uma espécie de censura do YouTube, quando do lançamento do clipe de “Berro”)
Nessa linha desbocada do grupo, “ C.E.O.N.” e “Linguada de Ouro” são exemplares sensacionais, ambas são sexuais e instigantes, provando que o MC Tchelinho é o muso que precisamos! Já “Maconha e Pente” é a canção que tem o maior potencial de ser o hit dos bailes: de refrão pegajoso e divertido, a faixa é uma ode debochada ao necessário diálogo que precisa ser feito sobre a legalização da maconha no Brasil.
Além disso tudo, a capa de Carne de Pescoço, feita por Vincent Rosenblatt, é uma coisa linda: o Heavy Baile cortado na navalha é uma homenagem e tanto à cultura negra, ao estilo das comunidades e a toda uma cultura vista sempre como “menor” em alguma medida.
Carne de Pescoço marca um importante processo de crescimento para o Heavy Baile e mostra a importância do grupo para o funk e a música eletrônica nacional. É daqueles discos para se ouvir bem alto e num local com bastante espaço para bater bunda!
NO RADAR | Heavy Baile
Onde: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro;
Quando: 2013;
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