Há pouco tempo atrás, as grandes publicações de música vaticinaram a morte do pop conforme conhecíamos. Aparentemente, o formato que sempre havia dominado as ondas radiofônicas e a mídia estava fadado ao desaparecimento, pois era obsoleto e não correspondia ao que se esperava do perfil de modernidade que até então era mais uma expectativa do que uma realidade.
Só que, logo depois disso, apareceu a primeira de uma legião de cantoras, que impera até hoje, e que mantém vivo e ativo o tal pop de consumo fácil que ainda é a tônica. Começou com Lily Allen, e perto do fim da primeira década dos anos 2000, experimentou uma febre de cantoras que teve entre seus expoentes Kate Nash. A ruiva inglesa foi catapultada à fama pela própria Allen e pelo falecido site MySpace e logo se tornou uma referência. Com um som fácil e cheio de personalidade, e uma voz que parecia acentuar seu sotaque adorável, Nash era presença fácil nas pistas de dança alternativas com “Foundations” e “Mouthwash”.
Depois de um hiato de quase 5 anos, a ruiva está de volta. E sim, com o mesmo pop que a levou à fama em 2007. Lançado no último dia 30 de março, Yesterday Was Forever ainda soa um tanto quanto juvenil, não mais do jeito charmoso que ajudou a cantora em seu início. Com excessivas 14 faixas, chega a ser difícil apontar uma que se destaca, talvez pelo fato de que todas soem como variações contra o mesmo pano de fundo, sem o toque de personalidade e a graciosidade que pautaram Made of Bricks, seu disco de 2007.
Yesterday Was Forever ainda soa um tanto quanto juvenil, não mais do jeito charmoso que ajudou a cantora em seu início.
Muitas faixas, como é o caso de “Body Heat” e “Drink about you”, repetem fórmulas e letras e chegam quase a soar como se a própria cantora estivesse fazendo um pastiche de si. Sua voz soa mais estridente e, em alguns momentos, mais infantil, quando a expectativa é que uma veterana do pop como Kate Nash soasse mais madura e adulta.
O resultado geral acaba parecendo como se cantora estivesse fazendo uma obra direcionada à nova geração fã de pop e frequentadora de shows da Katy Perry, e não para quem vem acompanhando sua carreira há mais de 10 anos. Kate Nash já tem 30 anos e continua compondo como se tivesse 20, como se nossos dilemas e angústias não envelhecessem conosco e nossos problemas mudassem de órbita a cada dezena que vai se acumulando em nossas costas.
Os melhores momentos do disco são aqueles em que a cantora soa exatamente como se sua experiência de carreira e vida tivessem se acumulado nas frestas de música, como é o caso de “California Poppies”, um raro momento interessante em meio ao acúmulo de faixas parecidas.
O pop continua vivo e a cada dia mais pulsante, mas parece que nem todo mundo consegue acompanhar as mudanças e manter uma carreira interessante ao longo dos anos. Infelizmente, o álbum de Kate Nash, por mais que ainda abuse do formato que fez sua fama, não prima pela qualidade das canções e pelo potencial inventivo que parecia fazer parte do repertório da cantora. Uma pena.