Pela décima vez, o Lollapalooza Brasil ocupará o Autódromo de Interlagos, dessa vez entre os dias 28 e 30 de março. E entre reclamações e comemorações, a 12ª edição da já tradicional edição nacional do festival criado por Perry Farrell vai, certamente, marcar época na trajetória do evento.
Para quem não se empolgou com os headliners do festival (a saber, Olivia Rodrigo, Rüfüs Du Sol, Shawn Mendes, Alanis Morissette, Justin Timberlake e Tool), as linhas menores do evento apresentam alguns nomes interessantes. Ainda motivo de estranhamento para o público nacional, é papel dos festivais apresentar novos artistas.
Nomes como Benson Boone e The Marías dividirão os ouvidos da audiência com nomes menos conhecidos tais como Nessa Barrett, Teddy Swims e Neil Frances. Quem abrir a mente (e os ouvidos) para dar uma chance, vai perceber que terá três dias divertidos pela frente.
Girl in Red (sexta, 28)
Conhecida artisticamente como Girl in Red, Marie Ulven Ringheim é uma voz distinta do indie pop norueguês. Aos 26 anos, a cantora completa este ano uma década de carreira, iniciada com composições lançadas no SoundCloud sob o pseudônimo “Lydia X”.
Seu disco de estreia, If I Could Make It Go Quiet (2021) foi uma evolução sonora significativa em sua curta trajetória àquele momento. Ela se afastou do lo-fi indie pop de suas gravações iniciais e passou a explorar uma paleta sonora mais ampla. Seu trabalho mais recente, I’m Doing It Again Baby! (2024), é mais cru que o anterior, com mais autoconfiança do que sua estreia.
Inhaler (sexta, 28)
Formada no colégio em 2012, os irlandeses do Inhaler trarão sua sonoridade marcada pela mescla de influências do rock clássico com nuances contemporâneas para o Lollapalooza Brasil 2025.
O quarteto formado por Elijah Hewson, Robert Keating, Josh Jenkinson e Ryan McMahon possui três discos de estúdio, o mais recente é Open Wide, lançado no início de fevereiro deste ano. Versão mais elegante e evoluída do ambicioso Cuts & Bruises (2023). Divertido e, até certo ponto, catártico, vai ganhar vida no palco do Lolla e no sideshow na Audio, em que dividirá palco com a Girl in Red.
Nessa Barret (sexta, 28)
De influenciadora no TikTok aos palcos do Lolla, Nessa Barrett chega ao Brasil com dois álbuns na bagagem: Young Forever (2022) e Aftercare (2024). Ainda com curta carreira, a cantora de origem porto-riquenha é conhecida por uma energia intensa no palco – a própria afirma que suas canções são criadas para que ela possa andar e falar no palco.
Empire of the Sun (sexta, 28)
Com quase 20 anos de carreira, os australianos do Empire of the Sun retornam ao Brasil pela terceira vez (as outras foram em 2010 e 2015). Após uma década, a dupla vem ao país com seu eletropop de estética visual marcante, além de quatro álbuns na mala – o mais recente deles, Ask That God, de 2024.
Com cenários elaborados e figurinos extravagantes, a banda oferecerá um show em que colocará sua teatralidade e elementos visuais exuberantes a trabalho de uma experiência sensorial imersiva.
Caribou (sexta, 28)
Caribou é o pseudônimo artístico de Daniel Victor Snaith, músico, compositor e produtor canadense nascido em 1978. Sua música é caracterizada por uma fusão de eletrônica psicodélica, ritmos de krautrock e elementos de breakbeat, criando paisagens sonoras envolventes e dinâmicas.
Ao longo de sua carreira, Caribou lançou diversos álbuns aclamados pela crítica, incluindo The Milk of Human Kindness (2005), Andorra (2007), Swim (2010), Our Love (2014) e Suddenly (2020). Em 2024, Snaith retornou com Honey, seu oitavo trabalho de estúdio, que apresenta uma sonoridade mais acessível e enérgica, adequada para diferentes ambientes musicais.
JPEGMAFIA (sexta, 28)
JPEGMAFIA, nascido Barrington DeVaughn Hendricks, é um rapper, cantor e produtor musical americano conhecido por sua abordagem experimental e confrontadora no hip-hop. Sua música combina elementos de noise, punk e rap, resultando em uma sonoridade única e provocativa.
Veteran (2018) destacou-se por sua mistura de beats abrasivos e letras incisivas, estabelecendo-o como uma força inovadora no hip-hop contemporâneo. O mais recente, I Lay Down My Life for You, lançado em agosto de 2024, carrega as marcas que acompanham sua carreira, mas com influências mais inclinadas ao rock, com guitarras tocando em várias faixas.
O público pode esperar um artista com energia intensa e muita interação direta, na tentativa de criar uma experiência visceral – até porque suas setlists são imprevisíveis, refletindo sua natureza experimental e disposição para desafiar normas.
The Marías (sábado, 29)
The Marías é uma banda estadunidense de indie pop formada em Los Angeles. Liderada pela vocalista principal María Zardoya, nascida em Porto Rico e criada em Atlanta, a banda é conhecida por incorporar elementos de jazz, soul e pop psicodélico, com letras em inglês e espanhol, refletindo as diversas influências culturais da banda.
Em 2021, The Marías lançou seu álbum de estreia, Cinema, que recebeu aclamação da crítica e foi indicado ao Grammy. Em maio de 2024, a banda lançou seu segundo registro, Submarine, que explora temas de desamor e crescimento pessoal, refletindo experiências pessoais dos membros da banda.
Suas apresentações são conhecidas por sua atmosfera íntima e cativante. A banda cria uma experiência sensorial para o público, combinando sua sonoridade suave com uma presença de palco elegante. Acostumados com grandes palcos (abriram parte da turnê da cantora Billie Eilish), a expectativa é por grande apresentação.
Benson Boone (sábado, 29)
Quem torce o nariz para artistas saídos de programas de reality musical, vai precisar evitar a apresentação de Benson Boone no próximo Lollapalooza. O cantor e compositor emergiu como uma das vozes mais promissoras do pop contemporâneo nos Estados Unidos, dando o pontapé em sua jornada musical a partir da 19ª temporada de American Idol, em 2021. Ali, Boone chamou a atenção, mas, curiosamente, optou por deixar a competição para seguir caminho de forma independente.
Em janeiro de 2024, Boone lançou “Beautiful Things”, single que rapidamente se tornou um fenômeno global, alcançando o topo das paradas em diversos países europeus. Esse sucesso culminou no lançamento de seu álbum de estreia, Fireworks & Rollerblades, em abril de 2024, consolidando sua posição na cena musical internacional.
Artemas (sábado, 29)
Cantor, compositor e produtor musical inglês de ascendência greco-cipriota, Artemas rapidamente ganhou destaque com o single “If U Think I’m Pretty”. O verdadeiro ponto de virada em sua carreira veio com o lançamento de “I Like the Way You Kiss Me”.
Sua habilidade de mesclar elementos de R&B contemporâneo e rock alternativo cria uma atmosfera única. Durante a tour “Pretty” em 2024, ele demonstrou uma presença de palco cativante, traduzindo a intensidade emocional de suas gravações para performances ao vivo que ressoaram profundamente com os fãs.
Tate McRae (sábado, 29)
Com um álbum fresquinho na bagagem, a cantora, compositora e dançarina canadense Tate McRae chega ao LollaBR como uma das vozes mais promissoras do pop contemporâneo. Com apenas 21 anos, ela ganhou projeção ao ser finalista do programa So You Think You Can Dance, em 2016. Já no ano seguinte, migrou para a música com o single “One Day”, que viralizou e chamou a atenção da indústria musical.
Seu disco de estreia, I Used to Think I Could Fly trouxe o single de sucesso “She’s All I Wanna Be”, mas foi o seguinte, Think Later (2023), que alçou McRae ao estrelato. So Close to What, o mais recente, já atingiu o topo das paradas globais, incluindo o Billboard 200 nos EUA, e ela trará o show da Miss Possessive Tour ao Brasil.
Wave to Earth (sábado, 29)
A Coreia do Sul está em voga no mundo da música, e é com essa responsabilidade que a Wave to Earth, grupo sul-coreano de indie pop, vem ao Lollapalooza Brasil. Com uma mescla de influências que vão do jazz ao lo-fi, o trio compõe predominantemente em inglês, explorando temas como natureza, amor e vida.
Seu primeiro disco, 0.1 Flaws and All, consolidou a carreira internacional do grupo, projeto seguido com Play With Earth! 0.3, álbum lançado ano passado, cuja estética minimalista mantém o estilo pouco extravagante, em contraposição a suas apresentações bastante emocionantes.
Teddy Swims (sábado, 29)
Originário de Atlanta, Teddy Swims transita entre gêneros como soul, country e pop, criando uma fusão sonora que ressoa com uma ampla audiência. Com uma carreira ainda curta, impulsionada a partir de 2019, quando postava covers de músicas em seu canal no YouTube, reinterpretando artistas como Michael Jackson e Lewis Capaldi.
Sua versatilidade capturou a atenção do público, de tal modo que lançou uma série de EPs. Seu terceiro, Tough Love (2022), marcou sua entrada na Billboard 200. Seu álbum de estreia, I’ve Tried Everything But Therapy (Part 1), de 2023, trouxe “Lose Control”, faixa considerada um “hino emocional” sobre perder o controle sobre si. I’ve Tried Everything But Therapy (Part 2) chegou em janeiro deste ano, com uma mistura de R&B, pop, country, rock e soul, mostrando de tudo um pouco que o público brasileiro deve acompanhar em Interlagos.
Neil Frances (domingo, 30)
A dupla Neil Frances vem ao Brasil para mostrar sua habilidade em mesclar ganchos cativantes e vibrações veranis com um pop eletrônico pulsante e orientado por batidas. Formada em 2016, a dupla teve suas demos descobertas acidentalmente por influenciadores como o triple j, o que os impulsionou ao centro das atenções.
Conhecidos pela energia vibrante no palco e por transformar qualquer ambiente em uma pista de dança, apresentarão aos brasileiros as canções de seus dois discos, There Is No Neil Frances (2022) e It’a All a Bit Buzzy (2023).
Ca7riel & Paco Amoroso (domingo, 30)
Com Baño María, lançado em 2024, o duo argentino Ca7riel y Paco Amoroso revolucionou a cena musical contemporânea local, fundindo gêneros como trap, rap, rock e jazz. Amigos de infância, Catriel Guerreiro e Ulises Guerriero compartilham projetos musicais desde 2010.
A versatilidade da proposta do duo pode ser vista em participação no Tiny Desk Concert, onde ofereceram uma interpretação acústica de seus sucessos, mostrando autenticidade e simplicidade, garantindo grande repercussão internacional. Ao Brasil, trarão seu mas recente lançamento, o EP PAPOTA, que além de quatro faixas novas, inclui as versões ao vivo apresentadas no programa da NPR.
Michael Kiwanuka (domingo, 30)
Dono de um dos melhores discos de 2024, o músico britânico Michael Kiwanuka faz fusão de soul, folk e rock, evocando a era clássica da soul music dos anos 1960 e 70, mas com uma sensibilidade contemporânea que ressoa profundamente com o público moderno.
Alcançou o status de grande promessa em sua estreia, Home Again, de 2012. Com Love & Hate (2016), estreou no topo das paradas britânicas, consolidando sua posição na cena musical. A aclamação da crítica internacional veio em 2019, com Kiwanuka.
Small Changes (2024) mostrou, mais uma vez, a habilidade de Kiwanuka em combinar letras introspectivas com arranjos musicais ricos, entregando um registro ao mesmo tempo íntimo e expansivo.
Parcels (domingo, 30)
Parcels é uma banda australiana de electropop formada em 2014. O grupo ganhou destaque internacional ao colaborar com o duo eletrônico Daft Punk na produção e composição do single “Overnight”, em 2017.
Seu álbum de estreia autointitulado foi lançado em 2018, seguido por Day/Night, de 2021. Além de passar pelo palco do Lollapalooza Brasil no domingo, o quinteto australiano radicado na Alemanha irá se apresentar em um dos sideshows do festival.
Foster the People (domingo, 30)
Retornado ao Brasil pela quarta vez (e terceira apenas no Lollapalooza), a Foster the People ficou bastante conhecida por “Pumped Up Kicks”, faixa lançada em 2010 que rapidamente se tornou viral, catapultando o grupo de indie pop estadunidense para o mainstream.
Seu álbum de estreia, Torches (2011), consolidou o sucesso da banda, apresentando uma mistura eclética de indie pop e elementos eletrônicos. Supermodel (2014) e Sacred Hearts Club (2017) exploraram sonoridades mais experimentais, incorporando influências de neo-psicodelia e indietronica.
Nos últimos anos, o grupo mais esteve nas manchetes por crises internas do que por seu som. Mark Pontius e Sean Cimino, membros recorrentes na trajetória da Foster the People, deixaram as linhas de frente, enquanto Mark Foster segue trilhando seu caminho, incluindo o mais recente registro, Paradise State of Mind (2024), uma união entre grooves, disco music, funk e psicodelia – e uma clara tentativa de retornar aos holofotes outrora mais amigáveis.
Bush (domingo, 30)
Os ingleses do Bush já levam uma carreira de mais de 30 anos sem que os mais velhos se esqueçam que o grupo “viralizou” (em uma era pré tal efeito) nos aplicativos de downloads de música com a faixa “Glycerine” erroneamente creditada ao Nirvana, como uma espécie de “faixa desconhecida”. Memes à parte, a banda liderada por Gavin Rossdale estourou com seu disco de estreia, Sixteen Stone (1994), que além da famosa canção citada anteriormente, trazia faixas como “Everything Zen”, “Comedown” e “Machinehead”, até hoje os maiores hits dos londrinos.
Com uma mistura de intensidade e melodia, mesclando influências como Pixies e Nirvana, o Bush tentou seguir sua carreira apresentando um rock alternativo bem característico dos anos 1990. Gravações como Razorblade Suitcase (1996) e The Science of Things (1999) até tentaram seguir na mesma toada, mas a necessidade de soar menos antigo para novas gerações fez com que Rossdale e grupo incorporassem elementos eletrônicos e mais experimentalismo.
Em janeiro, Rossdale anunciou que o Bush finalizou seu próximo LP, I Beat Loneliness, com lançamento previsto para 2025. É o décimo álbum completo da banda, que já completa mais discos gravados após o retorno de 2010, depois de nove anos separados, do que em sua primeira fase.
ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA
Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.