Na ocasião do Dia Mundial do Rock (13), havíamos programado outro assunto. Então, nesta semana falaremos, um pouco tarde, a depender do ponto de vista, sobre a data. Nossa bela pátria tropical é uma nas quais mais se ouve rock’n’roll. Sério. Pelo menos no Spotify. De acordo com lista divulgada pela plataforma de streaming, na ocasião da comemoração, ocupamos o 13º posto no ranking dos países que mais ouvem o gênero por meio do serviço.
Mas daí alguém pode dizer: “Ah! Mas figurar, sequer, entre os dez mais nem é relevante!”. Argumentação cabível ou não, acontece que na tal lista, países como EUA e Inglaterra não aparecem nem entre os 20! Assim, devido a este fato (duas das nações mais importantes na história e vida de roqueiros pelo mundo afora poder ser indicativo de que “esse tal de roquenrol” está mesmo com o fôlego no fim), não poderíamos deixar o tema de lado.
Vamos à data, primeiro: 13 de julho foi escolhido por ser justamente o dia em que Bob Geldof realizou o Live Aid, porém, em 1985. Phil Collins estava neste evento e teria feito uma declaração na qual expressara o desejo de que aquele fosse considerado o “dia mundial do rock”. Mick Jagger, Keith Richards, Elton John, Paul McCartney, David Bowie e outros se apresentaram nesta grande demonstração de solidariedade pelo povo etíope, que padecia de fome na época e, infelizmente, padece até hoje.
Interessante considerar que a maioria dos grandes festivais, destes que lotam estádios e arenas enormes, foi concebida antes da segunda metade dos anos 1980, e o gênero musical predominante era o rock.
Já vídeo acima flagra uma época em que na TV aberta brasileira ainda era possível ver um programa musical protagonizado por bandas de rock e coisas relacionadas ao gênero. Curioso que a plateia era feita predominantemente por garotos e garotas de não mais que 20 e poucos anos, quando muito. O que nos leva ao tema “Dia Mundial do Rock”.
Enquanto pesquisávamos sobre o gênero musical, talvez, mais badalado e promovido pelo mainstream, lembramos deste senhor de 56 anos, nem tão mais jovem que o próprio rock’n’roll: Green Onions. Este belo e vigoroso cinquentão, à beira dos sessentinha se trata de um álbum excelente do grupo Booker T. And The M.G.s. A fusão rock-soul influenciaria ninguém menos que The Allman Brothers e Lynyrd Skynyrd.
Polêmicas sobre a vida ou sobrevida do rock à parte, uma coisa é óbvia, e por tal condição, dissimuladora de um excesso ideológico: mais antigo que os powerchords de Lynk Wray é o pulso de se pegar um instrumento e criar algo excitante.,
E do distante ano de 1962, vem uma voz sussurrante, que diz que tudo se transforma inclusive na música e que fusões de estilos serão uma contínua na produção e na indústria musical, apenas o mainstream forçará a barra com rótulos a fim de, naturalmente, vender mais discos. Ponto.
Então essa conversa sobre “o que é”, “até onde é”, “quem é” e assim por diante sempre foi muito chata. É de se questionar como tantos conseguem ficar discutindo se o rock morreu, ou terá salvação.
Essa galera do Booker T. And The M.G.s estava se lixando pra esse tipo de discussão, na certa. Inclusive lançaram, sem querer, a moda de esconder identidades, muito antes de Gene Simmons & Cia e Slipknot: Steve Crooper, Duck Dunn e Al Johnson eram músicos que acompanhavam Ottis Redding e Carla Thomas. Totalmente desconhecidos, só revelando-se como os misteriosos por trás dos M.G.s com o passar do tempo, como consequência da fama adquirida em outros projetos.
Assim, fechar os olhos, curtir e pensar em todas as possibilidades que as canções de Green Onions apontam, não apenas musicalmente, porque a diversidade é o que conduz a humanidade pelo tempo e espaço, é mais que indicado, para qualquer dia, do rock ou não. Porque talvez ele, o gênero rock, tenha mesmo morrido há muito tempo e poucos se deram conta. E até hoje muitos ainda buscam pelo cadáver.
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