Há exatos dois anos, nos primeiros dias de junho de 2012, Marisa Monte repetiu o que já é uma tradição em sua carreira: escolheu o Teatro Guaíra como palco de estreia de sua nova turnê, intitulada Verdade, uma Ilusão, que receberia, meses mais tarde, o prêmio de melhor show do ano da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).
Em agosto de 2013, quando “Verdade, uma Ilusão” já estava azeitado, duas apresentações, realizadas em 2 e 3 agosto, na Grande Sala do Espaço das Artes, no Rio de Janeiro, foram registradas em um CD e um DVD, recém-lançados separadamente, que já ocupam as listas dos mais vendidos no país. Com todo o merecimento: o espetáculo é um primor, de imagem e som.
Registros em CD e DVD da turnê Verdade, uma Ilusão fazem justiça ao espetáculo consagrado pela crítica e pelo público.
Tomando como base o mais recente álbum de estúdio da cantora, O Que Você Quer Saber de Verdade, disco de platina triplo, correspondente a mais 260 mil cópias vendidas, o show vai além do repertório do CD, que teve grandes sucessos radiofônicos como “Ainda Bem” e “Depois”.
O set list revisita canções de trabalhos anteriores de Marisa, como “Arrepio” (de Carlinhos Brown, gravado no álbum Barulhinho Bom), “Diariamente” (de Nando Reis, de Mais), “Infinito Particular” (parceria com os tribalistas Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, e faixa que deu título ao álbum lançado em 2006) e “De Mais Ninguém” (escrita com Antunes, para Verde, Anil, Amarelo, Cor de Rosa e Carvão).
De Memórias, Crônicas e Histórias de Amor, vieram duas músicas: “Gentileza”, composta por Marisa, e “Não Vá Embora”, outra dobradinha com Antunes.
Um dos pontos altos do show, no entanto, é “E.C.T.”, grande sucesso na voz de Cássia Eller, escrito por Nando Reis, Carlinhos Brown e Marisa, que nunca havia gravado a canção e homenageia a cantora carioca-brasilense, que morreu em 2001, aos 39 anos. Outro bom momento é a interpretação performática de “Sono Come Tu Mi Vuoi”, hit da estrela italiana Mina Mazzini, mito em seu país.
Nação Zumbi
Tanto no álbum O Que Você Quer Saber de Verdade quanto no show “Verdade, uma Ilusão” há um diferencial importante. Marisa convidou o power trio da banda pernambucana Nação Zumbi, formado por Dengue (baixo), Pupilo (bateria) e Lúcio Maia (guitarra), que trazem ao espetáculo uma sonoridade mais encorpada e pesada do que a que se ouve em trabalhos anteriores da artista. Completam a banda Dadi Carvalho (ex-A Cor do Som), que toca violões, guitarra e ukelele, e Carlos Trilha, responsável pelos teclados e programações do espetáculo, dirigido por Marisa, Leonardo Netto e Cláudio Torres. Somado a isso, há um quarteto de cordas, para o qual Marisa adaptou alguns de seus arranjos antigos.
Conceito visual
Em “Verdade, uma Ilusão”, tão importante quanto a música, e isso pode ser comprovado no DVD, é a concepção visual do show. Ela serve não apenas para encher olhos, mas, principalmente, para potencializar o sentido das canções.
O espetáculo não é uma experiência somente sonora, é de multimídia. A cenografia é assinada por Marcelo Lipiani, com direção de arte de Batman Zavarezzi, que trabalha muito com interação de mídias, e utiliza, em projeções feitas ao longo do show, imagens de obras de artistas contemporâneos brasileiros, que passaram pela curadoria de Luisa Duarte.
O espetáculo, que iniciou sua trajetória em Curitiba, percorreu o país, e viajou mundo afora, reafirma a cantora carioca, revelada nos anos 80 como uma das estrelas mais interessantes da música brasileira contemporânea.
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