Nunca na história desse que vos escreve, uma banda foi tão sincera na escolha do seu nome quanto Dirty Sweet, um grupo norte-americano de um estilo de rock difícil de descrever em apenas uma palavra.
O Doce Sujo, na tradução literal, estampa a proposta logo de cara dizendo o que será encontrado ao longo de seu trabalho. Do lado Doce, temos batidas em meio tempo e solos e riffs elegantes, que revisitam Rolling Stones com um pouco de elementos do jazz; o vocal agudo e cativante, com pretensões a Robert Plant, também é bastante agradável e muita, mas muita influência de Black Crowes.
Do lado Sujo, temos uma agressividade fora do normal não condizente com o gênero Southern, puxando elementos do prot-grunge, passando pelo Stoner Rock e a base psicodélica que John Bonham e John Paul Jones faziam juntos, ali no cantinho de palco. Além dessa salada de elementos, o Dirty Sweet também tem um visual bem típico dos anos 70, se juntando àquele rol de artistas que trazem as raízes do gênero para a nova geração como Rival Sons e Blues Pills (leia mais aqui).
O quinteto de San Diego começou sua história como banda em 2003, já somando dois grandes trabalhos em sua discografia. O primeiro deles, …Of Monarchs and Beggars, é um cartão de visitas impressionante se consideradas as faixas “Baby Come Home”, “Delilah”, “Sixteen” e “Red River”. Esse conjunto faz o ouvinte transitar entre a pedrada na janela do blues rock original americano, passando por uma balada lenta, mas de instrumental forte até chegar em um encerramento fabuloso, com minutos e mais minutos de um dueto guitarra bateria de levantar qualquer um do sofá.

O segundo, American Spiritual, traz uma banda ainda mais madura e com faixas ainda mais ferozes. O álbum começa com um tapa na cara chamado “Rest Sniper, Rest”, afagado pelo beijo de uma doce “You’ve Been Warned”, que consegue ser lenta e rápida ao mesmo tempo, forçando sensações incríveis que só o bom e velho rock n’ roll poderia trazer.
Somando todos esses atributos, Dirty Sweet se torna indispensável para uma segunda-feira.
As canções são conduzidas pelos riffs melódicos de Mark Murino e com a bateria crua de Chris Mendez-Vanacore, dotada de contratempos incríveis. O grave do baixo de Christian Schinelli conflita com as notas agudas do vocalista Ryan Koontz mostrando o sujo e o doce em dois momentos distintos. As distorções e a empolgação também dão aquele toque de rock de garagem às composições.

Somando todos esses atributos, Dirty Sweet se torna indispensável para uma segunda-feira. Seus álbuns são um pouco mais do bom e velho rock and roll, mas que soa inovador por uma proposta mais simplista em tempos de distorções e efeitos de sampler cada vez mais elaborados. E tudo isso passa pelos criteriosos ouvidos de Doug Boehm (The Vines e Screaming Trees), que conduz com maestria os jovens músicos.
Dirty Sweet é o tipo de banda que você se apaixona pela primeira vez, em questão de minutos. E quando você menos espera, você fica já está na expectativa de vê-los em algum festival por aqui.