Discreto e quieto durante as entrevistas, mas um monstro barulhento atrás de uma bateria. Esse é o perfil do “primeiro baterista superstar do punk”, de acordo com a revista norte-americana Rolling Stone.
![Baterista, produtor, empresário e lenda Foto: Rolling Stone](http://www.aescotilha.com.br/wp-content/uploads/2016/01/travis_abertura.jpg)
Mas o porquê de Travis Barker ter recebido esse rótulo de uma das mais importantes revistas sobre música no mundo é fácil explicar. Nascido na Califórnia, em 1975, Travis já foi de tudo na vida: de lixeiro a baterista e de produtor a empresário, muitas vezes conciliando essas atividades e sem se preocupar com os holofotes. E além de ter sido de tudo, Travis Barker também já tocou todos os ritmos possíveis.
Podemos lembrar que desde que assumiu as baquetas do pop-punk no blink-182 em 1999, Travis já era um baterista do grupo de ska The Aquabats! e estava prestes a começar o rock-rap dos Transplants, junto com Skinhead Rob e Tim Armstrong. Sua fácil adaptação a múltiplos estilos não só o tornou um baterista completo, como também capaz de organizar vários elementos de ritmos diferentes e criar materiais novos.
Travis já foi de tudo na vida: de lixeiro a baterista e de produtor a empresário, muitas vezes conciliando essas atividades e sem se preocupar com os holofotes.
Seu começo no blink-182 veio com o álbum Enema of the State, lançado em 1999 e surpresa de crítica. A Billboard gringa já classificava o blink-182 como “nothing new”, mas tirou o chapéu para dois tópicos que, de acordo com eles, fizeram o álbum ser grandioso: a produção da lenda Jerry Finn e a chegada de Travis Barker na gravação das faixas, elevando o baterista ao status de maior estrela do trio.
Logo depois, vieram os lançamento de Take Off Your Pants and Jacket — onde, já mais à vontade, Travis gravou faixas ferozes como “First Date” — a formação do Boxcar Racer junto com Tom Delonge e o primeiro auto-intitulado dos Transplants, o maior breakneck de toda a carreira (pois unia agressividade, punk, hip hop e uma atitude que não havia sido mostrada antes). Em cada um dos álbuns e projetos, a crítica tinha como alvo principal a criatividade de Travis e suas baterias que transitavam entre a complexidade com o ritmo contagiante, sendo perfeitas para o punk cru do Boxcar, fundamentais às rimas sombrias de Rob e incríveis com o ritmo a lá Rancid de Tim Armstrong.
![Travis Barker on studio Foto: Reprodução](http://www.aescotilha.com.br/wp-content/uploads/2016/01/travis_studio-1024x576.jpg)
De acordo com Joe Shooman, autor da biografia do blink-182, nem mesmo as pausas do grupo, como o hiato de 2005, foram o suficiente para Travis tirar férias. Além de estar à frente da Famous Star and Straps e assinando coleções também para a DC Shoes, Barker nunca deixou as baquetas de lado.
Enquanto seguia firme e forte com os Transplants, foi convidado em 2006/2007 a gravar algumas faixas do álbum The Best Damn Thing, de Avril Lavigne — que também contou com a produção de Deryck Whibley, do Sum 41 — elevando e muito o instrumental da cantora canadense. No mesmo período, Travis havia lançado com Mark o álbum When Your Heart Stops Beating, do +44 , e alguns vídeos remixando as faixas “Crank Dat” e “Low”, de Soulja Boy e Flo Rida, iniciando uma trajetória também de sucesso no hip hop — que seria concretizada com as mixtapes do projeto TRV$DJAM, idealizado com Adam Goldstein, além do EP Psycho White, com Yelawolf e o full-lenght Give the Drummer Some, de 2011, com participações de artistas do calibre de Tom Morello, Corey Taylor, Slash, Cypress Hill, Lupe Fiasco e muitos outros, do rock ao rap.
![Transplants feat. Slash no clipe de "Saturday Night" Foto: Reprodução](http://www.aescotilha.com.br/wp-content/uploads/2016/01/Transplants_Slash.png)
Travis Barker não só elevou a musicalidade do blink-182, que contava com guitarra e baixos simples, conduzido por uma bateria alucinada, como foi peça fundamental na criação de mixtapes e remix de hip-hop extremamente contagiantes e tantos outros materiais. O baterista já avisou que outras mixtapes vêm por aí, assim como um novo álbum do blink-182 que já está em produção. E junto daquela imagem do baterista quieto e discreto, que deixava seus companheiros Mark e Tom falar besteiras e contar piadas, vem a daquele monstro que rouba a cena e que, assim como um Rei Midas da música, transforma em ouro — e sucesso de crítica — tudo o que toca.
Da mesma forma que sua bateria foi fundamental na aproximação e elevação de estilos, sua multifuncionalidade permitiu a criação de materiais e gêneros novos que não só enriqueceu a música atual, como fisgou até os mais desatentos e desapegados a entrar em uma roda punk. Que ele não tire as suas férias assim tão cedo.