Há exatos sete dias, o site da Prefeitura de Curitiba publicou uma nota em que relatava, a partir de dados do site de reservas Booking.com, que Curitiba está entre as cidades mais procuradas para o Carnaval 2017. Não é à toa.
A cidade criou a imagem de alternativa aos foliões que preferiam riffs densos, distorções e sangue ao invés do repique e tamborim. Eventos como o Psycho Carnival e a Zombie Walk tiveram papel preponderante no estabelecimento desta imagem.
Nas palavras da presidente do Instituto Municipal de Turismo de Curitiba, Tatiana Turra, é na diversidade da oferta cultural que Curitiba ganhou espaço como opção no Carnaval.
“Quem aprecia rock e música alternativa também pode se divertir nos festivais que acontecem nessa época”, afirmou Turra na nota divulgada no dia 15.
No último ano, Curitiba ganhou ainda o Curitiba Rock Carnival, que ofereceu mais uma opção alternativa aos curitibanos e turistas. Não obstante, a gestão do prefeito Rafael Greca parece não enxergar no Carnaval uma manifestação popular merecedora do bom olhar do poder público.
No último ano, a Zombie Walk juntou mais de 20 mil pessoas, número recorde que contava com a presença de inúmeros turistas.
Enquanto a Fundação Cultural de Curitiba se afoga no ostracismo de uma administração que coloca um tapa-buraco na presidência, a cultura da cidade agoniza.
Parece não ter sido suficiente o cancelamento da Oficina de Música, que deveria ter sido realizada em janeiro passado.
A verba para as Escolas de Samba também foi cortada pela metade, fazendo com que elas desistissem de fazer um desfile competitivo.
O Curitiba Rock Carnival também foi limado da programação curitibana, que assiste agora a Zombie Walk também correr o risco de dizer adeus à cidade, depois de nove anos seguidos de crescimento e consolidação – no último ano, a Zombie Walk juntou mais de 20 mil pessoas, número recorde que contava com a presença de inúmeros turistas.
Acabou…
Na tarde desta terça-feira, 21, a Comissão Permanente de Análise de Eventos de Grande Porte (Cage) não concedeu uso de solo ao evento, estabelecendo, segundo a organização da Zombie Walk, “exigências muito além de nossas capacidades”.
“Lutamos com todas nossas forças para continuar o que, para muitos, já era uma tradição no Carnaval da cidade de Curitiba”, afirmava o comunicado disponibilizado na página oficial do evento no Facebook.
Criada pela Lei nº 10.906/03, à Cage compete conferir e analisar a documentação apresentada pelos produtores, de maneira a emitir parecer deferindo ou indeferindo o pedido.
Procurada pela reportagem para se pronunciar a respeito dos acontecimentos, a Fundação Cultural de Curitiba não respondeu os contatos de nossa equipe.
O silenciar da cultura na Gestão Greca parece ser o grande grito deste Carnaval. Um grito de socorro, no entanto.
…ou não acabou?
No final da tarde de ontem, 21, a Prefeitura de Curitiba emitiu um comunicado afirmando que o Cage haveria autorizado a realização do evento e que se reuniria hoje, 22, com os produtores da Zombie Walk procurando uma maneira de viabilizar a realização do mesmo.
Em seu perfil no Facebook, o prefeito Rafael Greca também manifestou que deseja a realização do evento. “Sou fã [da Zombie Walk]. Não cancelei. O desfile está mantido na manhã de domingo de Carnaval. Vou sugerir inovação. Uso da passarela da Marechal – com som e infraestrutura”, afirmou.
A reunião que selará a realização ou não do tradicional evento acontecerá hoje. De certo, ninguém na Prefeitura imaginava o tamanho da repercussão negativa que o possível cancelamento traria.
É importante frisar que a Zombie Walk não recebe verbas provenientes do poder público. O Cage e a Fundação Cultural de Curitiba fornecem apenas apoio logístico para a realização do evento, que é construído através de uma rede de parceiros, como afirma a própria organização.
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