A arte produzida no norte do Brasil tem cativado o Festival de Curitiba desde a abertura do evento. No último fim de semana, o espetáculo de dança TA – Sobre Ser Grande, do Corpo de Dança do Amazonas, apresentado no Teatro da Reitoria, foi ovacionado.
A montagem aborda os povos originários, verdadeiros guardiões da floresta amazônica. Para seu criador, Mário Nascimento, o desaparecimento dessa população – e de suas respectivas culturas – significariam o fim da floresta, além de representar a perda de fortes elos da cultura e da civilização brasileiras. Ele vê o marco temporal para demarcação dos territórios indígenas como uma grande tragédia. A Amazônia enfrenta hoje uma série de ameaças, desde a contaminação da água dos rios pelo mercúrio, devido à atuação de mineradores clandestinos, até a pressão sobre as terras indígenas e as populações ribeirinhas.
A coreografia de Nascimento, que esbanja energia, busca destacar a importância do conhecimento dos Tikuna.
A palavra TA, que dá título ao espetáculo, significa “grande” na língua tikuna, povo originário do Amazonas que ocupa uma vasta área. Os sons do ambiente fazem parte do idioma, incluindo roncos, chiados e outros sons característicos. Os povos definem seus territórios como “TA”, locais que abrigam, acolhem, alimentam e precisam de cuidados. Por conta disso, a trilha sonora do DJ Marcos Tubarão é executada ao vivo, incorporando esses elementos, e tem papel fundamental no espetáculo.
A coreografia de Nascimento, que esbanja energia, busca destacar a importância dos conhecimentos dos tikuna. TA – Sobre Ser Grande apresenta esse povo como se eles avançassem no tempo, da dança étnica, tradicional, para o contemporâneo, mas sem apropriação cultural indevida.
O espetáculo foi fruto de extensa pesquisa e, considerando que 98% dos bailarinos, super vigorosos, são da região, com ancestralidade indígena, eles possuem grande propriedade para representar o tema. O resultado é magnífico.
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