Primeiro espetáculo público da O Grande Carvalho Produções Artísticas, Flor tem curta temporada em Curitiba. A peça está em cartaz desde o último dia 15 de novembro, no Miniauditório Glauco Flores de Sá Brito do Teatro Guaíra. A direção é de Thiozer Nunes e encenação de Bruno Rodrigues.
Ambientado em um cenário simples, apenas com uma banqueta de objeto cênico no palco, Flor é um espetáculo com força e potência poética, do início ao fim da narrativa. Antes mesmo de iniciar a encenação, em meio aos burburinhos de conversas do público, que buscava seus assentos no auditório, o silêncio foi sendo instaurado à medida que uma poesia com fundo musical era declamada. Era Oswaldo Montenegro declamando “Metade”.
Além de toda sua poesia implícita, Flor é uma peça teatral que fala sobre surpresas, imaginário, tristezas, alegrias e tudo que surpreende e cerca a história da vida. O espetáculo, inspirado em histórias reais e apresentado em formato de monólogo, revela a história de Dante, um jovem que, certo dia, recebe a triste notícia de que está doente.
Além de toda sua poesia implícita, Flor é uma peça teatral que fala sobre surpresas, imaginário, tristezas, alegrias e tudo que surpreende e cerca a história da vida.
Dante é um personagem que apresenta características otimistas. Observador, ele próprio, sozinho, constrói e remonta seus acontecimentos no espetáculo, como diálogos e ligações, de forma expressiva durante a dramaturgia. Ao descobrir seu diagnóstico de câncer, projeta sua vida por muito mais tempo do que os médicos estipulavam. Em suas sessões de quimioterapia, o jovem conhece a personagem Flor, que revela ao jovem a vida e a doença como um reflexo de esperança e coragem.
Confira bate-papo sobre o espetáculo com o ator Bruno Rodrigues e o diretor Thiozer Nunes, integrantes da Companhia O Grande Carvalho.
ESCOTILHA » Como foi o processo de construção deste espetáculo?
Bruno Rodrigues » A ideia inicial surgiu em 2017. Nós lemos o texto do Pirandello, “O homem da flor na boca”, que também conta a história de um rapaz que tem uma doença terminal, e nesse primeiro momento nós fizemos uma adaptação com ele, trazendo um pouco da história da Flor. O personagem no Pirandello encara a doença de uma forma pessimista, e não era essa visão que a gente tinha sobre a história que queríamos contar. Começamos a pensar que não fazia mais sentido contarmos a história de “O homem da flor na boca”, porque Flor (personagem), por si só, já tinha elementos suficientes para que nós contássemos a vida dela. Dentro desse processo de construção, conhecemos várias pessoas que influenciaram a construção do espetáculo e que, de modo geral, inspiraram a peça.
Thiozer Nunes » Nós estreamos essa adaptação no Festival de Curitiba. A adaptação já era um monólogo, mas era o inverso de como trabalhamos nesse espetáculo de agora. Eu era o ator e o Bruno dirigia. Só que, inicialmente, tinham muitos elementos do texto do Pirandello, e nós fomos acrescentando um pouco da Flor no espetáculo, e aí foi criando essa mescla dentro do processo.
Por que vocês escolheram contar essa história?
BR » Penso que a história desse espetáculo tem uma necessidade de ser contada, porque a gente vive em um mundo tão cheio de percalços e situações, e aí você do nada vê uma pessoa que, diante da pior situação da doença, encara a vida com força e com um sorriso no rosto. Eu tenho uma visão otimista do mundo e da vida e acho que a gente conseguiu colocar um pouco disso no Dante (personagem).
Qual foi o maior desafio como elenco de atuação deste espetáculo? E a direção, quais foram as dificuldades?
TN » Antes, eu tinha uma vivência somente de ator. Sou ator há três anos e este é o primeiro espetáculo que dirijo, então foi muito difícil, porque eu tinha apenas essa visão. Foi complicado poder transmitir isso para alguém, um alguém que fosse encenar a minha ideia. Afinal, temos uma visão diferente sobre esse trabalho.
BR » Já o meu maior desafio, por ter dirigido o espetáculo anteriormente, foi desconstruir o que eu acreditava que era bom para a cena. Acho que o Thiozer conseguiu trazer nuances reais para o texto. Acho que ele ficou mais verdadeiro e o nosso trabalho se tornou um bom casamento, foi uma boa escolha a gente ter trocado os papeis.