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Há uma bala no peito da poesia e uma dinamite no ego do teatro paulistano

porBruno Zambelli
22 de outubro de 2015
em Teatro
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Ao escrever a coluna dessa semana parei por um instante. Tentava eu garimpar, sem sucesso, o primeiro encontro que tive com a sua poesia. Diante do fantasma pálido do fracasso, confesso que desisti sem pestanejar. É impossível precisar o momento exato do despertar das grandes paixões. Como se atentar a datas quando nos deparamos com o encanto? Como poderia buscar em minha memória, desgastada pelos excessos, o instante em que fui assombrado pelo “rosto” disforme de seus versos? Perdoe-me o esquecimento, caro Poeta.

O amor tem dessas coisas e eu sempre me deixei levar cegamente por suas trilhas torturantes. O fato é que há tempos não nos encontrávamos, e era preciso corrigir isso o quanto antes. Havia esquecido, mesmo sabendo que jamais deixaste de habitar meu peito em chamas (e muito dessa chama vem de você), seu olhar atômico na prateleira, o que é, no mínimo, uma heresia, e digo isso mesmo sabendo que ambos temos dificuldades com essa coisa de transcendência. A verdade é que, buscando a justificativa daqueles que sabem que erram mas não admitem, nosso afastamento passageiro foi por conta desse reencontro futuro.

E eis que me deparo com a melhor forma de reencontrá-lo: um terreiro! Esse lugar que carregamos em comum na história e na alma, onde ambos, à vontade, podíamos nos regalar com os prazeres de nossas carnes. E que surpresa ainda em encontrar-te nos lábios de uma garota “porreta”, dessas que agem movidas pelo desejo, sem a faca cega do cifrão no peito, pelo prazer! Um coletivo paulistano encontrou em ti a saída para seus desenganos e fez de teus passos um balaço a afrontar o coro dos contentes. Sem leis de incentivo, não que eu seja contra isso, sem medos e sem grilos. Movem-se diante do mundo munidos de duas paixões: você e o entusiasmo que nos contamina quando pretendemos mudar o mundo.

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Aqui, camarada, o singelo relato dessa noite mágica. Recebi, de última hora, um convite generoso e inesperado: acompanhar a leitura dramática da peça Eu, Vladimir Maiakóvski, uma tragédia em dois atos, escrita pelo poeta russo que dispensa apresentações. Fiquei absolutamente surpreso com o convite. Conhecia a peça, mas havia lido há muito tempo em uma edição da revista O Percevejo. Nunca mais havia ouvido falar da peça, apesar de ter visto diversas versões do Mistério Bufo, peça do mesmo autor, por aí.

Parti para o teatro com todo entusiasmo do mundo, já que o convite me conectaria novamente com um de meus poetas preferidos, que por ler excessivamente durante um período havia deixado de lado. Ao chegar, me deparei com alguns garotos que acredito que tinham entre 19 e 22 anos, entusiasmados ao receber o público em coro. Entre taças de vinho, cantos e alguns olhares e gestos ensaiados, fiquei com a sensação de que a coisa poderia ser interessante, se cuidasse para não cair no previsível.

Uma leitura dramática guarda seus segredos. Quando não é feita por preguiçosos, ela guarda seus encantos e o teatro acontece.

Uma leitura dramática guarda seus segredos. Quando não é feita por preguiçosos, já vi leituras dramáticas absolutamente modorrentas, ela guarda seus encantos e o teatro acontece. Por isso, nunca sabemos o que realmente esperar de uma dessas, ainda mais desconhecendo o grupo, ou no caso o coletivo. Nesse caso, nem em meu mais otimista pensamento eu imaginaria o que se sucedeu: os garotos transformaram-se em cavalos.

Vi ali muito mais que uma leitura dramática. Vi fogo, vi musicas belíssimas, vi a essência e possibilidade de dar vida a Maiakóvski novamente. Um desfile alegórico tomou o ambiente de maneira completa. Já não podíamos mais racionalizar aquele acontecimento. Fomos, éramos 8 convidados, completamente impactados pela violência poética que o grupo carrega em sua face, em sua voz, em sua luta! Atores levantavam de suas cadeiras e viravam verdadeiros acrobatas. Foi, realmente, uma experiência fora de série em se tratando de uma leitura dramática. Algo absolutamente mágico, como tudo deveria ser diante de nossos olhos com fome de mundo.

Embasbacado, pedi uma entrevista aos garotos, que, com toda delicadeza daqueles que não tem tempo a perder a não ser com sua luta, disseram não conceder entrevistas, mas que poderíamos conversar no debate que aconteceria em alguns minutos. Extasiado, preferi sair dali e me dirigir ao metro Consolação com a melhor impressão possível desse coletivo, que, anotem, tem tudo para redescobrir Vladimir Maiakóvski e herdar a paixão que moveu Luís Antônio Martinez Corrêa pelos caminhos desse gigante russo.

Aos que se perguntam sobre o nome do coletivo, um recado: não revelo nem sob tortura, já que os garotos estão gerando o trabalho a passos conscientes e pretendem tomar a cidade de assalto. A torcida deste que vos escreve é para que, munidos de versos e revolta, esses meninos gigantes dinamitem a cuca do teatro paulistano.

Oremos!

Tags: Eu Vladimir MaiakóvskiLuiz antônio Martinez CorrêaMistério BufoTeatroVladimir Maiakóvski

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