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A extraordinária história de um temeroso bordado de feras

A importância da política e do teatro na resistência contra a opressão: combatendo fascismo e defendendo a liberdade.

porBruno Zambelli
5 de maio de 2016
em Teatro
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A política, a meu ver, pode ser comparada ao exercício do bordado. Acreditamos que, ao olhar o resultado, a coisa não é lá tão difícil. Ledo engano. Tal qual a técnica do recamo, a política demanda tempo, precisão e, principalmente, paixão. É preciso manejar agulhas e alianças em busca de um ponto em comum. Um ponto perfeito que irá anteceder outro ponto tão perfeito quanto ele. A rede de pontos perfeitos forma um bordado, tal qual o acerto em diversos pontos forma um governo.

O início, em ambas as práticas, é essencial para o resultado final. É através dele que se chega ao arremate para então poder se tirar a linha da meada. No caso da política brasileira, o início é obrigatoriamente a eleição. Através da eleição definem-se planos de governo que serão colocados em prática e levarão o país ao crescimento esperado por seu povo. Algo que seria no teatro como a escolha da obra a ser encenada ou a definição de um projeto a ser colocado em prática. Em todos os casos, a meada é algo a ser inventado, por isso tenho a crença de que bordado, política e teatro só são possíveis através do desejo de uma transformação, seja ela da lã em seu estado bruto, de uma nação ou de um espetáculo.

Quando se perde a mão, perde-se também o ponto e o encanto. Aqueles que não sabem bordar muitas vezes colocam-se no papel de detratores dessa arte, assim como os que insistem em policiar e reprimir, ainda hoje, a grandeza e a revolta de um teatro que não está inclinado às vontades do mercado. Detratores sem argumento são sempre canalhas.

No caso da política, a coisa é mais complexa. Os canalhas estão amontoados nas parcas tetas do poder. Diante da retumbante incompetência e da falta de empatia, utilizam-se de meios escusos para forjar uma nação à sua imagem e semelhança. Uma nação podre, fundida através da intolerância e do ódio. Aqueles que agem de maneira sorrateira, através da indecência da ilegalidade e do desrespeito ao seu próprio povo, não tem caráter, por isso é possível antever em nosso horizonte o desespero daqueles que estão impotentes em relação ao seu próprio futuro. Há um horizonte temeroso se aproximando e o teatro, é como nos mostra a história, vítima das garras obscenas desses senhores manchados de sangue. Em atentados contra a liberdade, a desobediência civil e o combate são obrigatórios para aqueles que vivem da arte e do sonho.

Em seu livro Feira das Sextas, Oswald de Andrade dá a letra: “Que criminosa audácia não representa essa de querer tapar a boca dos que são de fato as vozes da sociedade, os seus escritores e artistas, os seus pensadores e críticos!”. Sim, os criminosos não se intimidam mesmo com o escancarar de seus delitos e o modus operandi dessa gente é sempre o mesmo. Seja por trás de patentes ou de juristas, coíbem a liberdade e incriminam os direitos. Trancafiam artistas em porões que exalam enxofre e violência. Organizam uma caça às bruxas sem precedentes. Invadem teatros e espancam criadores. Agem, pois, através da covardia, própria dos estúpidos que se negam a admitir a liberdade e que cospem na cara da legalidade e do direito, tanto o individual quanto o coletivo.

Se o teatro é a arte da liberdade, é natural que qualquer investida contra essa deusa seja combatida no plano cênico.

Se o teatro é a arte da liberdade, é natural que qualquer investida contra essa deusa seja combatida no plano cênico. O teatro que se omite em relação à opressão é conivente com os resultados que ela impõe à sociedade, sejam eles uma simples perseguição ou o sistemático assassinato de artistas e de obras. Evidente que o confronto é sempre evitável, mas quando falamos de fascistas e torturadores o pacifismo não pode ser conivente com a violência. O maio de 68 francês já nos ensinou: “cuidado com provocadores, mas que todos façam como nós!”.

Na mesma veia combativa vai, novamente, nosso canibal: “A verdade é que missão altíssima se reservam os escritores e artistas que dissecam bravamente os erros e os crimes de uma sociedade em decadência, apontando para ela caminhos melhores e dias mais claros”. Há uma extraordinária história da estupidez que foi institucionalizada e, por isso, é preciso que o teatro se de o direito, e o dever, de agir enquanto meio de resistência. Falar sobre teatro sempre foi uma maneira de se posicionar sobre a política e seus meandros, mas, nos tempos atuais, é necessário que os artistas cênicos intensifiquem essa vertente de nossa arte.

Vivemos em uma sociedade que consome livros e fuzis, apud José Celso Martinez Corrêa, e é preciso que os artistas encontrem na criação o mesmo prazer que o bandido encontra no banditismo. A arte, a partir de hoje, é reduto dos desobedientes, daqueles homens que insistem em vomitar a imposição que tentam nos enfiar goela abaixo junto à raiva que carregamos do mundo. Venha! Venha torturador covarde que carrega nos ombros a bandeira do horror. Venha bandido mascarado que cunhou sua existência em uma câmara afundada no lodo histórico. Estaremos firmes, de pé, para contracenar com a violência advinda de sua nojeira e de todos os seus poderes tingidos com o sangue de inocentes.

O artista que não se levanta contra o absurdo da demência endinheirada é uma prostituta presa ao orgasmo do velho patrão que sempre diz não. Que sejamos livres para criar, gozar, amar e nos deleitar nos braços quentes da musa de Baudelaire. Ponto a ponto bordamos nosso desespero, nossa insignificância, que é maior do que a relevância desses homens podres. Como disse José Celso há séculos atrás, ainda ecoando em nosso inconsciente: “é preciso mostrar ao homem brasileiro um teatro que perturbe o repouso dos sentidos, liberte o inconsciente recalcado, estimule a revolta virtual e imponha à coletividade reunida na sala uma atitude difícil e heroica”.

Na vida, tal qual no bordado, é preciso que cada ponto esteja devidamente acertado para seguir adiante. Na política, tal qual o teatro, é preciso que cada engrenagem esteja devidamente engraxada. Nessa vida desalmada, feita de lágrimas, é necessário que estejamos sempre atentos e fortes diante do perigo que nos ronda. Fascistas não passarão! Canalhas serão devidamente expostos e, é claro, combatidos.

Não aceitaremos a justificativa canalha dos golpistas que insistem no terror da pátria, e permaneceremos fortes mesmo com o gosto de sangue na boca. Cremos no teatro, na arte e, principalmente, na liberdade. A truculência não nos calará e seremos uma voz feita de sonhos nesse coro dos contentes que almeja o ódio. Somos livres e assim permaneceremos.

Que a política, o amor e o desejo sejam sempre nossos guias pela vida. Eu permanecerei firme mesmo diante do carrasco, e prometo que nunca estarei ao lado da tropa de choque, e vocês?

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Tags: José Celso Martinez CorrêaMaio de 68Oswald de AndradeTeatro

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