No último domingo, o programa Domingão do Faustão exibiu a entrega do prêmio Melhores do Ano 2017. É comum na área do entretenimento audiovisual a tradição de realizar uma cerimônia anual de premiação para os melhores do ano em diversas categorias: o Oscar, Globo de Ouro, Emmy, entre outros, estão aí para comprovar isso. E como não há dúvidas sobre a importância, relevância e influência que a televisão tem no Brasil, é natural que as principais emissoras de TV nacionais premiem aqueles profissionais e artistas que se destacaram na telinha, afinal a TV tem motivos pelos quais merece ser consagrada e reverenciada.
O Troféu Imprensa é o mais antigo prêmio anual dedicado a laurear os maiores destaques da televisão brasileira e da música. O prêmio foi criado em 1958, pelo jornalista Plácido Manaia Nunes, diretor da revista São Paulo na TV, que vendeu os direitos ao apresentador e empresário Silvio Santos que, desde 1970, é o responsável pela organização, produção e apresentação do prêmio, transmitida pelo SBT. Entre altos e baixos, o prêmio já valorizou muitos nomes do canal, e também de outras emissoras.
A grande diferença entre as duas é que, se o SBT tem vários candidatos e premiados das outras emissoras, a Rede Globo só premia seus próprios artistas.
A Globo, considerada a maior emissora do Brasil, promove desde 1995 o Troféu Melhores do Ano, que premia seus artistas numa celebração realizada pelo programa Domingão do Faustão. A grande diferença entre as duas é que, se o SBT tem vários candidatos e premiados das outras emissoras, a Rede Globo só premia seus próprios artistas – com caras exceções, como quando a Hebe Camargo ganhou o Troféu Mário Lago (pelo conjunto da obra), em 2010.
Outra grande diferença entre os dois prêmios é que no do SBT as indicações são feitas pelo público, pela internet, e quem escolhe os vencedores de cada categoria é um time de jurados composto por jornalistas, colunistas e especialistas em programação de televisão no Brasil. Já no Troféu Melhores do Ano, os funcionários da emissora indicam seus favoritos para cada categoria e os 3 mais citados vão para votação popular, ficando com o público a tarefa de escolher os vencedores.
A vantagem de deixar o público escolher quem concorrerá, é justamente o fato que, desse modo, são eleitos os preferidos da televisão em geral, não somente os queridinhos daquela emissora, como ocorre na Rede Globo. E como entre esses três finalistas quem escolhe é o júri, pelo menos das opções disponíveis, será eleito “o melhor” daquele ano.
Particularmente, não vejo com um problema um canal ter uma premiação interna, como modo de incentivo para seus profissionais. O problema está com o nome do troféu. Nesse caso, seria muito mais ético e respeitoso que o prêmio se chamasse “Melhores da Globo”, ou pelo menos assumisse e deixasse claro que é disso que se trata.
Quanto ao fato de que, no prêmio da Globo, é o público que vota para escolher o vencedor, questiono: realmente vence o melhor ou aquele que possui um número maior de fãs comprometidos?
Claro que o Troféu Imprensa também sofre um pouco do mesmo problema, pois já que é o público que decide quais serão os três finalistas, entre as opções não estão os três melhores em suas categorias, mas sim aqueles que têm mais fãs. Deste modo, as premiações vêm valorizando fã-clubes, e não talentos.
Isso pode ser uma vantagem para os artistas que tem maior poder de mobilização, o que acaba sendo injusto para os demais. Um exemplo (bem fictício, é bom deixar claro), em uma disputa entre Caio Castro e Tonico Pereira, quem será que tem um fã-clube maior e mais dedicado? E isso não quer dizer que a resposta signifique que essa pessoa seja melhor, é apenas mais jovem e mais influente nas redes sociais, atingindo em cheio o público que atualmente mais vota nessas competições.
Usando um exemplo concreto, na categoria melhor atriz, quem levou o troféu no domingo foi Paolla Oliveira, por seu papel como a policial Jeiza em A Força do Querer. A atriz realmente foi muito bem na novela – digo até que foi um dos seus melhores papeis (não digo o melhor porque ela também esteve incrível como Danny Bond, na minissérie Felizes para Sempre?), mas definitivamente não foi a melhor atriz do ano.
As outras duas finalistas nesta categoria, Juliana Paes e Letícia Colin, foram muito melhores e mereciam bem mais. Juliana Paes se destacou nessa novela e a Bibi (sua personagem em A Força do Querer) consagrou a evolução da atriz, quem está em uma fase de excelentes papeis consecutivos. Claro que isso não justifica sua reação e atitude (saiba mais aqui). Já Letícia Colin brilhou e roubou a cena como a imperatriz Leopoldina, na novela de Novo Mundo.
Mas não vamos ser injustos, houve prêmios merecidos. Marjorie Estiano, que se me permitem dar minha opinião, é uma das melhores atrizes da sua geração, fez jus ao ser escolhida como melhor atriz de série pela médica Carolina em Sob Pressão. Pablo Vittar ter ganhado na categoria de música do ano com a canção “K.O.” também foi lindo. E ainda teve o prêmio mais merecido da noite: Carol Duarte levou como atriz revelação por sua atuação como Ivana/Iván em A Força do Querer e, de quebra, arrasou ao discursar contra o preconceito (veja aqui).