June (Maya Rudolph) e Oscar (Fred Armisen) são casados há 14 anos. Em todo esse tempo, o casal não varia muito. Decidiram não ter filhos e fazem um jantar anual em que Oscar cozinha para a esposa, vão pescar na casa do lago, fazem as mesmas brincadeiras, os mesmos rituais, os mesmos papos e a mesma rotina. Enquanto Oscar não parece se incomodar com a previsibilidade, June percebe que o casamento está entrando em um looping eterno. É aí que ela decide sugerir uma atividade diferente para o marido: esquiar ao invés de pescar, como sempre fazem. E assim eles vão. Nada mais posso contar.
É difícil falar de Forever, série exclusiva da plataforma Amazon Prime, sem dar spoiler, mas vamos tentar. É que algo acontece entre o primeiro e o segundo episódio que muda totalmente a forma como vemos a série e é aí que entendemos por que a produção se chama “Para Sempre”. Criada por Alan Yang (Parks and Recreation), Forever lembra a melancolia de Master of None, série da qual Yang é co-autor. Enquanto cria alguns momentos divertidos para o público rir, também faz refletir em cenas pontuais que, lentamente, acabam impactando o público quando ele entende a mensagem.
Forever evita falar do amor romantizado, mas discute o assunto. Os roteiristas preferem teorizar o tema por meio dos diálogos e mostrar como funciona na prática. É uma série sobre casamento, mas muito mais sobre como nós massacramos nossos relacionamentos justamente por causa da nossa massacrante rotina (e como isso é confortável e, portanto, totalmente compreensível).
No final, levamos um pequenino soco no estômago, o que faz de Forever uma experiência interessante.
Maya Rudolph e Fred Armisen são dois veteranos da comédia que contracenaram por anos em Saturday Night Live, o que faz a dinâmica dos dois ser perfeita. Enquanto Oscar está satisfeito com o dia a dia e faz de tudo para evitar um conflito, June sente vontade de arriscar, mas não faz por não querer frustar Oscar. E assim vamos indo.
A série, por vezes, entra num marasmo proposital para que sintamos como aquele casal está num limbo eterno, até que acontecimentos pontuais vão mudando a dinâmica para que eles, e nós, reflitamos. Mesmo assim, a sensação é de mesmice, e isso não é algo ruim neste caso. Um dos melhores episódios, aliás, é centrado em um outro casal, onde vemos os dois apenas conversando sobre relacionamento, monogamia e decisões erradas ou certas da vida. No final, levamos um pequenino soco no estômago, o que faz de Forever uma experiência interessante.
Com apenas oito episódios com menos de meia hora, Forever é uma comédia para ser maratonada de fato, já que também funcionaria como um filme, além de você não correr o risco de levar spoiler e estragar a experiência dos dois primeiros episódios. Falando de amor e questionando nossas decisões, Forever nos pergunta: o que teria sido se eu tivesse feito tudo diferente?