Em 2021 deu-se início às produções da Marvel em formato seriado. WandaVision estreou em janeiro, inovando no formato, e Falcão e o Soldado Invernal chegou em março sem fazer muito alarde. Agora, é a vez de Loki.
Cada uma das séries da Marvel — das vistas até agora— abre caminho para o que o estúdio vai apresentar em seguida. Afinal, elas existem em uma continuidade. Nesse caso, elas vão abrir as portas para o longa-metragem Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, previsto para 2022. As produções seriadas do estúdio também se assemelham por não ter um showrunner, apenas roteiristas e diretores. É como se elas fossem um grande filme dividido em seis ou dez partes.
Porém, o que de mais relevante temos visto com as séries é uma guinada para o lado dos vilões. A nova fase da Marvel pega carona na fórmula dos recentes longas da Disney, que transformaram vilãs clássicas, como Malévola e Cruella, em anti-heroínas.
Loki (Tom Hiddleston) é a maior prova de que personagens imperfeitos são os melhores.
Loki (Tom Hiddleston) é a maior prova de que personagens imperfeitos são os melhores. E a verdade é que heróis, cheios de moralidade e ego já estão saturados – sem falar que são bem mais entediantes.
Em WandaVision, já começamos a perceber como a Marvel vem explorando a dualidade de seus personagens. Wanda, a Feiticeira Escarlate, se negando a sofrer uma perda, tenta imoralmente controlar a realidade.
No primeiro episódio de Loki, já é possível perceber que o Deus da Trapaça, como é conhecido, muitas vezes age de acordo com os padrões que se espera dele, mas não da forma que realmente deseja. A série, além de abordar muitos conceitos de viagem temporal, nos revela uma outra faceta do personagem que está condenado a nunca triunfar.
Loki é um outsider, um manipulador que faz escolhas erradas pelos motivos que acha certo. Seu sarcasmo e humor ácido é usado com destreza, mas muitas vezes para camuflar suas fragilidades e insegurança. Aproveitando o gancho de viagem no tempo e espaço, a série brinca com múltiplas personalidades de “Lokis” para atribuir complexidade ao personagem. O próprio protagonista se surpreende ao descobrir que há piores versões dele fora de sua linha temporal.
Ficou evidente em Loki que a maior vantagem de se trabalhar com anti-heróis é a possibilidade de acompanhar sua evolução: criamos empatia e, principalmente, percebemos que o mundo não é apenas preto e branco – algo que os filmes de super-herói insistem em reproduzir.
O mais recente experimento da Marvel veio para mostrar que o mundo é cinza. E que a perfeição é chata. Loki não é uma pessoa boa, mas é um bom personagem. Aguardamos sua volta na segunda temporada.