A série The Office é mais popular hoje do que em 2005, quando foi lançada pela rede de televisão americana NBC. Com uma primeira temporada catastrófica, a série quase foi cancelada e por pouco não seguiu em frente sem uma remodelação do personagem principal, Michael Scott (Steve Carell). Nos dias de hoje, o seriado é consagrado pela crítica e público – tido como a melhor série de comédia já feita por muitos – e possui 9 temporadas muito bem finalizadas.
Mas, por que a série parece mais em alta do que nunca? Um dos fenômenos que explica o recente desempenho admirável de The Office é o fato de a série estar presente nas principais plataformas de streaming do mundo (no Brasil, está na Amazon Prime Video e Globoplay), sendo acessível pela primeira vez para muita gente. Pessoas mais jovens que não acompanharam a série na época da TV a cabo agora podem desfrutar do show a qualquer hora e lugar, sem intervalos comerciais irritantes. Já o público que acompanhou a série semanalmente durante seus 9 anos, pode viver a nostalgia do dia a dia do escritório fictício Dunder Mifflin e a vida entediante (e hilária) dos personagens.
Outro fato é sem dúvida a pandemia. Com as pessoas mais tempo em casa, precisaram procurar alguma série leve, divertida e com muitas temporadas. The Office caiu como uma luva.
Com as pessoas mais tempo em casa, precisaram procurar alguma série leve, divertida e com muitas temporadas. The Office caiu como uma luva.
Porém, talvez o que tenha elevado a série a um novo patamar tenha sido justamente o efeito colaborativo da internet. Com milhares (se não milhões) de páginas no Twitter, Instagram e Facebook com memes de The Office, fica difícil não saber que a série existe e, no mínimo, ter a curiosidade de assisti-la pelos recortes online. Uma geração que nunca teve contato com máquinas de fax, e-mail corporativo, celulares Sony Ericsson ou uma locadora de DVD, pode se deliciar com a série assim como outras gerações por um simples fato: o humor de The Office é atemporal.
Sendo uma série no estilo mockumentary (falso documentário), The Office acompanha o dia a dia dos funcionários de uma empresa de distribuição de papel na pacata cidade de Scranton, na Pensilvânia. Comandada pelo gerente regional, Michael Scott, os personagens são tão comuns e chatos como nós, vivendo um dia após o outro na esperança de o expediente acabar. Todavia, a graça da série está justamente nessa vivência que tanto nos identificamos, recheada de ironias pelos olhares diretos para as câmeras, pela sensação de improviso e amadorismo e personagens que vão nos conquistando – e que nem parecem ser obra de atores.
Obviamente, The Office não escapou das atuais polêmicas. Por seus comentários espalhafatosos e sem noção – muitas vezes preconceituosos -, Michael Scott já foi “cancelado” por parte da internet. Mas, o gerente da Dunder Mifflin é mais um caso do personagem sem noção e inconveniente de que não rimos com ele, rimos dele. O que faz o personagem tão caricato é justamente seu comportamento de dar vergonha alheia e que acaba pagando de forma cômica por seus atos.
Com suas falhas e acertos, o fato é que The Office está longe de ser uma série que envelheceu mal, unindo diferentes tipos de gostos, com um humor ácido e nos lembrando os pequenos momentos de prazer, mesmo que monótonos, da vida.
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