A sessão de O Homem Roubado, filme que integra a Mostra “Foco”, do 5º Olhar de Cinema, exibida no dia 10 de junho, foi prestigiada com a presença do diretor argentino, Matías Piñeiro, que ampliou a experiência cinematográfica da plateia ao discutir temas e reflexões estéticas e sociais a respeito de seu primeiro filme, gravado durante o ano de 2006 e lançado em 2007.
Característico dos seus antecessores e contemporâneos, cineastas que integram o Novo Cinema Argentino, Matías Piñeiro tem formação acadêmica pela Universidad del Cine, onde também ministrou aulas. O Homem Roubado teve sua estreia no Bafici (Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente), festival que se relaciona diretamente com o NCA.
Porém, ao contrário de uma parte de filmes pertencentes ao período que se inicia nos anos 1990 e adentra os anos 2000, O Homem Roubado não se constitui em um cinema sociológico; as suas imagens que estão sempre associadas aos espaços pertencentes à Buenos Aires, reconhecida pelos seus habitantes, não se associam a uma dita realidade, mas a uma subversão dessa realidade por elementos fantásticos, por exemplo, a presença de gatos e suas metáforas, onde se torna necessário renascer nos pequenos conflitos de nossas vidas, amores que morrem e transformações que se movem com a rapidez da cidade, superar as mortes simbólicas, sermos observadores e ágeis.
O filme de Piñeiro nos remete as personagens de Jean-Luc Godard, não em uma homenagem saudosista ou em uma tentativa de reprodução estética, assemelha-se ao vigor juvenil, rebeldes intelectuais.
O filme de Piñeiro nos remete as personagens de Jean-Luc Godard, não em uma homenagem saudosista ou em uma tentativa de reprodução estética, assemelha-se ao vigor juvenil, rebeldes intelectuais, que não fazem do contato com a arte algo petulante, mas a própria subversão, tratam grandes atores como Jean-Jacques Rousseau, como se lessem um folhetim, infligem a lei, roubam a própria arte, usurpam de museus e falsificam obras.
Trata-se de uma juventude que subverte o contato com a arte e movimenta-se no mundo por meio da transgressão, em busca de novos valores, falsificando e criando novos modos de compreender e possuir o espaço por meio da arte e da cidade que imerge do cotidiano.
Logo em seu primeiro filme, Matías mostra uma maturidade cinematográfica, um refinamento estético, apropria-se de espaços argentinos: Rua Sarmiento; Avenida Santa Fé; Plaza Itália; Observatório Nacional; Cemitério Ricoleta; Museu Mitre, para recriar um espaço fílmico pelo olhar da câmera que sabe exatamente quando e o que enquadrar com ritmo e sentidos sensoriais.
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