O longa-metragem Minarié uma pequena joia. Singelo sem ser ingênuo, intimista porém acessível em sua extrema humanidade, o filme foi, no ano passado, o grande vencedor do Festival de Sundance, principal vitrine do cinema Independente nos Estados Unidos. Conquistou crítica e público, que nele viu uma espécie de libelo, ao mesmo tempo discreto e contundente, contra a intolerância do governo do ex-presidente republicano Donald Trump com imigrantes.
Forte candidato a múltiplas indicações ao Oscar 2021, o longa-metragem de Lee Isaac Chung se passa na década de 1980. David (Alan S. Kim) é um garoto coreano-americano de 7 anos, filho de imigrantes, que vê sua vida mudar radicalmente quando a família – pai, mãe e uma irmã adolescente – se muda da multicultural Califórnia para a zona rural do estado de Arkansas.
Forte candidato a múltiplas indicações ao Oscar 2021, o longa-metragem de Lee Isaac Chung se passa na década de 1980.
Lá, os Kim começam a trabalhar numa granja, mas o pai, Jacob (Steven Yeun, da série The Walking Dead) pretende fazer dinheiro cultivando produtos agrícolas para abastecer restaurantes coreanos nas cidades maiores da região. O estranhamento é imenso com a vida provinciana e menos familiarizada com estrangeiros e David se sente com um peixe fora d’água. O menino só começa a se adaptar com a chegada da Coreia do Sul de sua vó (Yuh Jung Youn, uma das favoritas ao Oscar de melhor atriz coadjuvante), uma senhora excêntrica que adora luta-livre, mas extremamente carinhosa, que o ajuda a perceber a riqueza da experiência que estão vivendo.
Quem teve uma avó próxima vai se emocionar muito com a relação que se estabelece entre os dois, simbolizada pela planta medicinal minari, de origem coreana, usada para chás, que ela planta junto com o neto na nova terra de seus descendentes.
Com um lindo trabalho de fotografia impressionista, que explora as cores e transformações das paisagens rurais ao longo das estações, Minari encanta ao trazer a experiência da imigração através dos olhos de uma criança que se vê dividida em dois mundos.
Lee Isaac Chung, como faz a cineasta sino-americana Chloé Zhao em seu Nomadland, outro favorito da temporada, traz o olhar mais contemplativo de um certo cinema asiático para falar do ser humano e de sua relação com o meio, seja ele natural ou social. O resultado desse encontro entre culturas cinematográficas é imperdível, tocante.
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