Há filmes brasileiros que, infelizmente, não recebem a atenção que merecem. É o caso do ótimo O Rio do Desejo, longa-metragem do cineasta baiano Sérgio Machado, que já pode ser visto na plataforma de streaming Globoplay.
Coprodução do Canal Brasil, O Rio do Desejo nos leva como espectadores ao coração da Amazônia, que serve de cenário para uma trágica história de amor e desejos não ditos e represados. Em uma pequena localidade às margens de um rio de intensa navegação fluvial, o policial militar Dalberto, vivido por Daniel Oliveira (de Cazuza – O Tempo Não Para), se apaixona por Anaira, papel de Sophie Charlotte, que em breve será vista nas telas como a protagonista de Meu Nome É Gal, cinebiografia da cantora Gal Costa.
Anaira vive um relação abusiva com seu companheiro e, quando conhece Dalberto, vê a chance de mudar de vida. É amor à primeira vista. O PM se casa com a moça e a leva para morar na casa ribeirinha que divide com os dois irmãos, o fotógrafo Dalmo, interpretado pelo ótimo Romulo Braga, e pelo caçula da família, o organizador de festas e músico Armando, personagem defendido pelo astro Gabriel Leone, de Eduardo e Mônica.
Com uma belíssima fotografia de Sergio Teijillo, da série Narcos, O Rio do Desejo capta a exuberância da geografia amazônica, a intensa beleza das paisagens da floresta, mas não de forma exótica ou ilustrativa.
Insatisfeito com a profissão, Dalberto decide abandonar a farda e comprar um barco para transporte de pessoas e mercadorias pela Bacia Amazônica. A rotina do casal muda quando o barqueiro sai em viagem de trabalho, para levar ao Peru um foragido da Justiça, e deixa a esposa em companhia dos irmãos.
Desacostumados com a presença feminina de uma mulher tão jovem e bonita dentro de casa, eles começam a cobiçar a cunhada, cada um a sua maneira.
Com uma belíssima fotografia de Sergio Teijillo, da série Narcos, O Rio do Desejo capta a exuberância da geografia amazônica, a intensa beleza das paisagens da floresta, mas não de forma exótica ou ilustrativa. A natureza, com sua mata densa e, sobretudo, as águas caudalosas do rio, que ambientam a trama, são encharcados pelo intenso desejo provocado pela presença de Anaira e seu impacto sobre os três irmãos.
Sérgio Machado, que traz no currículo o excelente Cidade Baixa (2005), protagonizado por Wagner Moura, Lázaro Ramos e Alice Braga, reafirma em O Rio do Desejo que sabe como poucos retratar em seu cinema as armadilhas do amor e do desejo. Intenso, tenso e muito sensual, é um dos bons filmes nacionais de 2023.
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