Inicialmente desenvolvido pela Universal Pictures para ser um ambicioso veículo para o cineasta Jack Arnold, No Mundo dos Monstros Pré-Históricos (1957) foi idealizado como uma grande superprodução, de alto orçamento para uma fita de ficção científica. Seria o passo natural para o diretor de O Monstro da Lagoa Negra (1954), que havia trabalhado dois anos antes no bem-sucedido Tarântula! (1955) para o estúdio.
No meio do processo, os executivos decidiram reduzir drasticamente os custos, o que impactou no elenco, nos efeitos especiais e na direção. Arnold rapidamente abandonou o barco e o comando do longa foi parar nas mãos de Virgil W. Vogel, um conhecido montador, mas com pouca experiência na direção.
A mudança de rumo é facilmente percebida. No Mundo dos Monstros Pré-Históricos parece um episódio de um seriado enlatado de ficção científica. Os monstros são marionetes e fantasias pouco convincentes. O cenário dentro do estúdio é risível. Ainda assim, existe algum charme nesse exemplar barato de um filme B.
A trama mostra um grupo de exploradores do exército dos Estados Unidos que, ao sobrevoar a Antártica de helicóptero, descobre uma floresta tropical escondida no meio da neve. Ali, as temperaturas são altas e permitem a existência de grandes dinossauros e plantas carnívoras. O veículo, claro, sofre um acidente e precisa fazer um pouso de emergência, o que coloca a equipe de militares – e uma repórter – em perigo constante.
Para rodar as cenas na Antártica, a produção recorreu a cenas reais do exército americano. Isso contribui para dar um pouco de credibilidade à obra.
Steven Spielberg, que provavelmente assistiu ao filme quando criança, usou o mesmo rugido do tiranossauro do longa de Vogel no derradeiro final de Encurralado (1971) e Tubarão (1975).
Tal qual fez A Ilha Desconhecida (1948) cerca dez anos antes, No Mundo dos Monstros Pré-Históricos também recria a narrativa de O Mundo Perdido, de Sir Arthur Conan Doyle. Por isso, as situações parecem repetitivas ao gênero – o que pode ter contribuído para que a fita tenha caído em uma espécie de limbo e hoje seja tão pouco lembrada.
Há pelo menos um admirador muito conhecido. Steven Spielberg, que provavelmente assistiu ao filme quando criança, usou o mesmo rugido do tiranossauro do longa de Vogel no derradeiro final de Encurralado (1971) e Tubarão (1975).
A crítica brasileira, que na época do lançamento costumeiramente fazia pouco caso de histórias de monstros, não demonstrou empolgação com o lançamento. A revista Cine Repórter, em 1958, publicou um texto afirmando que “a parte técnica não era o que de melhor já se viu em filmes do gênero” e ainda emendou: “No Mundo dos Monstros Pré-Históricos poderá agradar aos apreciadores de ficção científica, que, afinal, não são muitos”. Mal sabiam eles que muito mudaria de lá para cá.
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